Nem sempre o retinoblastoma ou câncer no olho é detectado no primeiro “teste do olhinho”
Setembro é o mês da campanha “De Olho nos Olhinhos” que visa a conscientização e incentivo ao diagnóstico do Retinoblastoma. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiros Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, um relatório de pesquisadores do INCA (Instituto Nacional do Câncer) publicado na revista científica, International Journal of Cancer mostra que a incidência de retinoblastoma no Brasil é o dobro da registrada nos Estados Unidos e Europa. Enquanto algumas cidades brasileiras registram entre 21,5 e 27 casos da condição por milhão, nos EUA e Europa a prevalência varia entre 10 e 12 casos por milhão. Para Queiroz Neto isso acontece porque uma grande parcela das nossas crianças não têm acompanhamento oftalmológico nos primeiros anos de vida.
O médico explica que o retinoblastoma é uma doença congênita. Pode ser diagnosticado logo que o bebê nasce pelo “teste do olhinho”, obrigatório em todo país. O exame é feito com um oftalmoscópio, equipamento que emite uma fonte de luz no olho do bebê. Quando a pupila responde com um reflexo vermelho contínuo indica saúde. Se o reflexo for descontínuo ou esbranquiçado sinaliza presença de retinoblastoma, catarata ou glaucoma congênito. Nas três condições, quanto antes forem detectadas e tratadas, melhor é o prognóstico.
Embora a obrigatoriedade do exame seja nacional, a situação continua grave. Isso porque, a maioria dos pais só leva a criança ao oftalmologista quando atinge a idade escolar. No entanto, o retinoblastoma pode ficar adormecido no olho e se desenvolver nos primeiros anos de vida.
Por isso, a recomendação do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), é de que o “teste do olhinho” seja repetido três vezes ao ano até os três anos. Neste período, a criança deve passar pelo primeiro exame oftalmológico ao completar 1 ano de idade, ou antes quando o “teste do olhinho” está alterado.
O principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria, também conhecida como olho de gato, um reflexo branco na pupila. A alteração é percebida sob luz artificial e em fotos tiradas com flash. Nas duas situações os olhos saudáveis emitem um reflexo vermelho como acontece no teste do olhinho.
O tratamento geralmente requer uma equipe multidisciplinar e pode ser feito por diferentes técnicas. Hoje, uma das técnicas mais utilizadas é a quimioterapia intra-arterial. Consiste em injetar na artéria da retina o medicamento, diminuindo desta forma os efeitos colaterais sistêmicos que podem ter reflexos na saúde por toda vida. Em 70% dos casos salva a vida e a visão.
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