Pesquisa realizada na Faculdade de Direito (FD) da USP analisa as diversas formas de agressões cometidas contra mulheres com deficiência
No ano de 2015, Thaís Becker, então graduanda em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tornou-se pessoa com deficiência após um acidente de carro. Ao retornar ao curso e ao estágio, foi a uma audiência. Foi nesse momento que percebeu que estar em uma cadeira de rodas interferia na interpretação das pessoas sobre sua situação.
No mestrado na USP, Thaís investigou a situação com o trabalho “Às vezes, eu acreditava que eu não tinha valor”: percepções de mulheres com deficiência e da Rede de Enfrentamento sobre a violência doméstica e familiar contra mulheres com deficiência.
À medida que seus estudos evoluíam, ela foi se deparando com relatos que mostravam as mais variadas formas de violência. Entre as violências doméstica, a mais relatada em sua pesquisa foi a psicológica.
Com relação às redes de enfrentamento e apoio às mulheres em situação de violência, Thais analisou o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema Único de Assistência Social (Suas), o Sistema de Justiça e a segurança pública.
As portas de acesso às buscas por ajuda de boa parte das mulheres com deficiência e vítimas de violência, são as delegacias e os serviços de saúde. “Contudo, nem todos estão devidamente preparados para tais atendimentos”, destaca a pesquisadora.
De acordo com Thaís, seu estudo aponta para possíveis providências que poderão aperfeiçoar os serviços da rede de enfrentamento. Ela defende a implementação de uma política pública de cuidado, a garantia de melhores condições de trabalho para as profissionais da rede e um olhar atento às barreiras que estão nos serviços.
Por Antonio Carlos Quinto para o Jornal da USP
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