Eu vou responder. É uma boa pergunta para quem não entende como é o processo de aprendizagem humano. Nós, humanos, aprendemos o que nos interessa e, o pior: buscamos a maneira mais fácil. Portanto, não adianta pensar que basta se querer ensinar alguém, pois para ele aprender, é preciso querer.
A aprendizagem é um processo individual e temos dois caminhos: um natural e outro, não natural. O natural é aquele em que se aprende sozinho, na relação com a sociedade. Trata-se do que não é necessário ensinar, como andar, falar, se relacionar, as regras. Aprende-se vivendo e convivendo com as pessoas que nos rodeiam.
O não natural é aquele processo que demanda técnicas, que não se aprende sozinho, em que é necessário ensinar e exige um ambiente de aprendizagem. Dificilmente alguém aprende a ler, a escrever e a fazer contas sozinho.
Em nosso país, os alunos aprendem pouco simplesmente porque não temos um ambiente de aprendizagem, pois chegamos na escola sem entender regras básicas, como: respeitar horário, respeitar os outros, cumprir com a obrigação, confundimos liberdade com autorização para fazer o que gostamos. A escola é uma instituição social e para garantir que haja ambiente de aprendizagem precisa ter regras claras e serem seguidas.
Por outro lado, temos uma infinidade de “especialistas” dando palpite nos assuntos da escolas, desde os pais dos alunos, até juízes e promotores. Nos assuntos relacionados à escola, todos têm opiniões, dizendo o que e como ela deve agir no processo de aprendizagem dos alunos, mas poucos ouvem as instituições ou quem as faz funcionar.
O resultado do baixo aprendizado está exatamente na falta de ambiente de aprendizagem, podemos afirmar que “ensinagem” temos bastante no Brasil, mas para aprender é preciso ter “educação” aquela que deveria vir de casa, que são os tais “valores”. A mudança só poderá ocorrer a partir do momento em que existir um maior respeito pelo papel verdadeiro da escola: ser um ambiente de aprendizagem, seja no processo natural da convivência da comunidade escolar, seja no processo não natural das capacidades e habilidades que as instituições oferecem.
Ademar Pereira Batista, Diretor da Federação Nacional de Escolas Particulares (FENEP)
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