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quinta-feira, 25 dezembro, 2025

Sarcopenia: critério mais rigoroso para diagnóstico da fraqueza dos músculos melhora prevenção, mostra estudo

Com base em dados pesquisadores defendem mudanças na nota de corte do teste usado para avaliar a força muscular, de forma a identificar a doença mais precocemente

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) analisaram dados de mais de 7 mil brasileiros e concluíram que usar critérios mais rigorosos para mensurar a fraqueza dos músculos pode melhorar a triagem da sarcopenia, doença associada à velhice e caracterizada pela perda progressiva de massa e função muscular. Além de facilitar o diagnóstico precoce, a abordagem com pontos de corte mais altos ajuda a identificar previamente o risco de morte associado aos estados de sarcopenia.

Essa condição está ligada à perda de funcionalidade da pessoa idosa, maior risco de quedas e mortalidade. De acordo com o consenso atualizado do European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP2), existem três estágios dintintos: provável sarcopenia, caracterizada apenas por baixa força muscular; sarcopenia propriamente dita, quando há baixa força e massa muscular; e sarcopenia grave, quando além de perda de massa e força muscular também há baixo desempenho físico.

O trabalho, que utilizou dados do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), comparou a prevalência e os fatores associados à sarcopenia utilizando o padrão recomendado pelo EWGSOP2 para definir baixa força muscular (força da mão menor que 27kg para homens e 16kg para mulheres) com pontos de corte mais altos (menos de 36kg para homens e menos de 23kg para mulheres), que já haviam sido associados à mortalidade em pesquisas anteriores.

“Medir a força da mão é uma forma simples, prática e barata de rastrear a sarcopenia. E, ao usar critérios mais rigorosos, conseguimos identificar a doença mais cedo, o que aumenta as chances de reversão com musculação e alimentação adequada. Na gerontologia, é essencial agir antes que os problemas se agravem. Dessa forma, quanto antes a sarcopenia for detectada, maiores são as chances de evitar quedas, perda de funcionalidade e até a morte”, explica Tiago da Silva Alexandre, professor da UFSCar e autor do estudo financiado pela Fapesp.

No trabalho, a adoção dos pontos de corte mais altos adicionou mais de 2 mil pessoas na triagem de “provável sarcopenia”. “Quando usamos pontos de corte mais altos, a prevalência desse estágio inicial quadruplicou, passando de 10,6% para 40,1%. A sarcopenia propriamente dita aumentou de 1,4% para 5%. Já a sarcopenia grave mais que dobrou, de 3,9% para 8,8%”, conta Sara Souza Lima, bolsista da Fapesp que realizou o estudo como objeto de sua dissertação de mestrado.

Os pesquisadores afirmam que existem inúmeras sugestões de pontos de corte para detectar a sarcopenia e que, atualmente, no Brasil tem se adotado como diagnóstico os critérios internacionais do EWGSOP2. “No entanto, já vínhamos percebendo que o ponto de corte padrão começou a gerar uma certa dificuldade de diagnóstico. Em outro estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa, verificamos que o ponto de corte menor, de 36 kg para homens e de 23 kg para mulheres, era o único que identificava risco de morte para todos os estados de sarcopenia”, explica.

Desnutrição e sarcopenia

Outra descoberta importante do estudo está relacionada à desnutrição. Ao utilizar os pontos de corte mais altos, a associação entre desnutrição e sarcopenia grave tornou-se ainda mais forte. Na amostra, 41,5% dos participantes estavam em risco nutricional e 10% já estavam desnutridos.

“A nutrição desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde muscular, especialmente na população idosa. Quando usamos critérios mais sensíveis, conseguimos ver com mais clareza o impacto da desnutrição na sarcopenia”, explica Alexandre.

Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que, como os mesmos indivíduos foram avaliados com os dois critérios de triagem, os fatores clássicos associados à sarcopenia – como idade avançada, baixa renda e sedentarismo – continuaram os mesmos. “A diferença é que os limites mais altos permitiram identificar o risco da sarcopenia mais cedo. Isso nos leva à importância de que os critérios diagnósticos sejam baseados em desfechos clínicos relevantes, como a mortalidade, e não apenas em estatísticas, como foi o caso do EWGSOP2”, conclui Alexandre.


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