Por Julio Caballa
No Brasil, o percentual de adolescentes entre 15 e 17 anos matriculados nas escolas atingiu 93,4% em 2024. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Educação. É justamente nesta faixa etária que os estudantes passam a concentrar-se mais no futuro de suas carreiras, intensificando os estudos para o vestibular.
Diante desse cenário, o período pré-vestibular exige preparo, concentração e longas horas de estudo. Essa combinação, embora não represente necessariamente a fórmula mágica para o êxito, é uma das mais recomendadas e eficazes. Ainda assim, mesmo os estudantes mais aplicados nem sempre conseguem atingir os seus objetivos nas provas.
Isso ocorre porque, além do empenho individual, outros fatores também estão envolvidos, como o apoio familiar e o tipo de suporte e ensino que os alunos recebem. Nesse contexto, como professor, acredito que o cenário ideal seja aquele em que o mestre tenha condições e estruturas adequadas para oferecer soluções que estejam mais alinhadas com os projetos de vida dos alunos. É essencial promover uma rotina de trocas para que os jovens estejam sempre engajados por meio do encantamento, e não estudando “por obrigação”.
A modernização e os recursos atuais certamente facilitam a rotina de estudos, a busca por informações e o aprimoramento. No entanto, ao mesmo tempo que a tecnologia traz facilidades, ela também pode gerar problemas, sendo um deles a dificuldade no desenvolvimento de habilidades sociais devido ao distanciamento das outras pessoas.
Para lidar com esse desafio, é fundamental que escolas e professores criem projetos que ajudem os alunos a desenvolver habilidades como gestão de conflitos, perdão, resiliência e a capacidade de lidar com situações cotidianas, entre outras. O professor precisa ser um espelho para o aluno nesse sentido. Portanto, o diálogo e as trocas são cruciais para que haja empatia entre ambas as partes.
Percebe-se que, tanto na rotina escolar quanto na responsabilidade pelo desenvolvimento social, o professor, que não é um robô, utiliza a humanização no ensino. Muito além do preparo para o vestibular, o docente tem um papel fundamental em uma parte da vida de uma pessoa que, no futuro, estará dirigindo, liderando outras, sendo pai ou mãe, e, principalmente, lidando com a responsabilidade de passar adiante a lição de empatia aprendida em sala de aula. Esse é, em última análise, o dever da escola para a construção do futuro.

Julio Caballa é professor e coordenador pedagógico do Ensino Médio no Colégio Anglo Morumbi
SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]

