Por Dra. Tainah de Almeida
Nos últimos anos, a ciência tem mostrado que a pele vai muito além da estética. Assim como o eixo intestino-cérebro influencia nosso humor e comportamento, estudos recentes indicam a existência de um eixo pele-cérebro, uma via de comunicação que conecta emoções, sistema imunológico e processos inflamatórios, reforçando que o cuidado com a pele é parte essencial do bem-estar.
Segundo o estudo Prevalence of stress, anxiety and depression in patients with Acne Vulgaris (2020), publicado no Indian Journal of Clinical and Experimental Dermatology, 47,8% dos pacientes com acne vulgaris apresentaram níveis de ansiedade de leves a moderados, e 19,5% depressão, mostrando impacto direto em relações sociais e desempenho profissional. A pele possui uma rede complexa de terminações nervosas, células imunológicas e microbiota que interage com o sistema nervoso central, evidenciando que a saúde cutânea pode refletir no equilíbrio emocional.
Alguns podem argumentar que o impacto da pele sobre a mente ainda é incerto e que tratamentos estéticos não substituem cuidados psicológicos. De fato, a ciência ainda investiga os mecanismos dessa conexão, e os efeitos podem variar de pessoa para pessoa. Reconhecer a pele como órgão sensorial e comunicador não substitui a medicina tradicional. Esse olhar permite entender que intervenções cuidadosas na pele podem complementar estratégias de bem-estar e qualidade de vida.
No entanto, é fundamental que essas intervenções sejam respaldadas por evidências científicas e acompanhadas por profissionais qualificados, evitando expectativas exageradas ou soluções generalizadas. Cuidar da pele de maneira informada fortalece tanto a aparência quanto o bem-estar psicológico, mostrando que pequenas escolhas diárias podem ter impacto real na saúde integral.
O futuro da dermatologia e da cosmética passa por esse olhar ampliado, que une ciência, estética e cuidado emocional. Pele e mente estão intimamente conectadas, e cuidar de uma é cuidar da outra. Mais do que tratar manchas, rugas ou imperfeições, é preciso compreender a pele como um órgão ativo no equilíbrio do corpo e das emoções, promovendo rotinas de cuidados conscientes e práticas que integrem saúde física, emocional e qualidade de vida de forma contínua.

Dra. Tainah de Almeida é médica dermatologista especialista em rejuvenescimento
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