Icônica escritora negra viveu os últimos anos de vida no Extremo Sul paulistano
Foi inaugurado na quinta-feira (28) a nova escultura em homenagem à icônica escritora negra Maria Carolina de Jesus, na região de Parelheiros, extremo sul de São Paulo. O local escolhido é a Praça Júlio César de Campos.
Esta é a última obra a integrar o projeto que propões criações, todas feitas por artistas negros, para homenagear personalidades negras da cultura paulistana. “Uma mulher negra, escritora, favelada, Carolina Maria de Jesus é uma inspiração para todas nós que vivemos na periferia da cidade”, conta a Secretária Municipal de Cultura, Aline Torres.
A escultura em bronze foi feita por Néia Ferreira Martins, foi feito em um tamanho um pouco menor que o natural (129 cm de altura, 50 cm de largura e 30 cm de profundidade), sentada em uma base de pedra granito com sua cabeça altiva e pensativa, com uma caneta e livro na mão. No seu colo papéis avulsos se somam à composição da obra e uma imagem em alusão a sua antiga moradia na favela do Canindé.
Carolina Maria de Jesus é uma das primeiras escritoras negras do Brasil, consagrada como uma das mais importantes com o livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. Publicada em 1960, a obra ganhou reconhecimento internacional e foi traduzida para mais de 15 idiomas. Nela, conta a rotina da favela do Canindé, São Paulo, onde residiu a maior parte de sua vida.
Construiu sua própria casa, usando qualquer material que pudesse encontrar – madeira, lata e papelão. Para conseguir sustentar a si mesma e seus três filhos, trabalhava como catadora de papel. O lançamento do livro, assim como o sucesso de vendas, representou a saída de Carolina da favela, mas também a hostilidade dos moradores de lá, que se sentiram expostos nos relatos.
Depois da publicação de Quarto de Despejo, mudou-se para Santana e, em 1969, para Parelheiros. Nesta época, contudo, parou de receber o pagamento dos direitos autorais e teve de voltar a trabalhar como catadora de papel. Morreu aos 62 anos, em seu quarto em Parelheiros. Até hoje, seu trabalho e obra são objetos de estudo não só no país, mas ao redor do mundo.
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