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segunda-feira, 6 maio, 2024

É extremamente raro! Mas câncer de mama também acontece com homens, fique alerta!

O cirurgião-dentista Antônio Flávio teve de lutar para conseguir um tratamento sendo homem. Mas conseguiu!


Que o mês de outubro se tornou referência no combate ao câncer de mama na mulher, todos já sabem, mas você sabia que o câncer de mama também pode ocorrer em homens? Estima-se que apenas 1% dos casos desse câncer acontecem em homens. O cirurgião-dentista Antônio Flávio Miranda, sofreu desse mal e aproveitou o Outubro Rosa para alertar os homens também.

Flávio percebeu por acaso que poderia ter câncer aos 56 anos, em 2017, “cheguei em casa, liguei a TV, sentei no sofá e cruzei os braços, de modo a colocar as mãos embaixo dos braços. Nisso eu senti uma bola, do tamanho de uma bolinha de ping-pong embaixo do meu mamilo esquerdo, conta.

Por ser da área da saúde e por conter histórico de câncer na família, Flávio pensou no mesmo instante que poderia ser câncer. “Embora seja uma situação muito inusitada, de repente me deu até uma pressão alta e desmaiei. Morava sozinho na época”, relembra.

Em abril de 2017 começou a jornada de Flávio e o começo de uma nova era em sua vida à procura de um tratamento de câncer de mama em homem, algo que é tabu até entre os médicos, segundo sua vivência. “Às 6h da manhã fui na fila de um posto de saúde próximo, por ser saúde pública e não ter agendado consulta, a enfermeira me disse que só tinha consulta para o ano que vem. Estávamos em abril ainda”, narrou. 

Mas depois de muita conversa, um médico o avaliou no mesmo dia, que achou realmente estranho e o encaminhou para um mastologista.Achar um mastologista pelo SUS que atendesse um homem foi muito difícil. O homem é sempre visto para tratamentos de câncer de próstata. Fiquei na fila de espera e foi um enorme desafio conseguir. Preciso até agradecer o empenho dos funcionários do SUS pela procura de tratar meu caso, explicou.

A sorte parece que saiu pela porta dos fundos na vida de Flávio, mas isso nunca foi motivo para desistir de procurar pelo seu tratamento, felizmente achei um mastologista que pediu todos os exames. E realmente constatou um tumor de mais ou menos 4,5 cm, grande, além disso, é comum o mamilo retrair (inversão do mamilo), e era assim que o meu estava.”

Infelizmente, Flávio teve de ter o seu pedido de tratamento para um hospital de tratamento de câncer negado, pelo fato de ser homem e o hospital não lidar com o câncer de mama masculino. “Minha amiga me indicou para esse hospital e disseram que não tinham o interesse por homens serem apenas tratados para câncer de próstata. Isso foi algo que balançou muito minha autoestima”, desabafou.

Com certeza fazer a biopsia é sacrificante para quem tem de passar por isso, para o cirurgião-dentista, “a anestesia não pegou e a biópsia parece um revolver que sai uma agulha como pressão, que entra na pele, vai até o câncer e retira um fragmento, isso em uma fração de segundo, tive o azar de ‘tomar três tiros’”.

Passado o período de coleta de exames, o paciente foi informado de que teria de visitar um professor de oncologia, Flávio informou que só de olhar o peito, sem ver nenhum exame, já condenou que aquilo seria realmente câncer. “Não preciso nem ver os exames, o câncer de mama em homens é extremamente raro, por isso é estritamente agressivo”, disse o médico ao Flávio, já marcando a cirurgia urgente.Aquilo foi um balde de água fria e a cirurgia foi marcada para o dia 8 de fevereiro de 2018”, completa.

A cirurgia nas mulheres consiste em retirar todo o músculo da mama da mulher, mas no caso do homem, o músculo do peito é retirado, juntamente com a retirada dos gânglios linfáticos da axila. “Esses gânglios são responsáveis pelo movimento dos braços. Por sorte não foi necessário remover toda a axila, ainda tenho as restrições no braço esquerdo, mas consigo trabalhar.”

Talvez o que seja mais doloroso são os processos que o paciente com câncer de mama precisa se submeter para tratar, como a quimioterapia e radioterapia. A quimioterapia é como uma arma química com um tiro de canhão para matar uma formiga. Por que pra matar as células cancerígenas, se mata um monte de células saudáveis, disse.

“Foram dois anos e meio de quimioterapia, nesse tempo eu perdi os cabelos, sem pelos, não conseguia comer, inchado, engordei 30kg, parecendo uma bexiga. Além disso tive uma forte alteração vascular. O sangue não chegava nos pés, mãos e no cérebro, o que me fazia ficar muito esquecido enquanto trabalhava”, relembra.

O tratamento foi somente com quimioterapia, visto que a radioterapia poderia deixar os problemas de saúde ainda piores, por decisão médica. Eu sei que tive sequelas. Antes da cirurgia do câncer meu coração estava perfeito. Hoje tomo remédio para coração e pressão contínuo”.

Um dos médicos que o atendeu afirmou que se Flávio demorasse uns 3 meses a mais para ir ao médico, poderia ter tido um resultado muito pior. “Tive um câncer numa idade crítica. Aos 56 anos. Antes do tratamento me sentia 20 anos mais novo pelas minhas condições de saúde. Hoje acho que estou 20 anos mais velho. Um baque desse tira muita vitalidade.”

O Dr. Antônio Flávio fez questão de parabenizar o Sistema Único de Saúde (SUS), por conta de todo o seu tratamento ter sido realizado pela saúde pública. “O tratamento gratuito é melhor do que o tratamento de diversos hospitais particulares, salvo exceções. Mas tratar o câncer no SUS foi muito bom, finaliza.

Um dos dramas vividos foi a volta ao trabalho durante o tratamento com quimioterapia, para isso o INSS disponibilizou o Auxílio-Doença por 1 ano e meio. Achei que foram muito insensíveis. No meu entendimento, acredito que deveria ter me aposentado. Trabalhar durante a quimioterapia foi muito difícil”.


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