O estresse no trabalho sempre foi associado a uma sensação comum em dias mais sobrecarregados. Mas, ainda que muitas pessoas tenham uma ideia de como esse sentimento acontece – aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a doença, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) – boa parte delas não sabe que essa não é apenas uma questão de estresse. A síndrome do esgotamento profissional é um problema de saúde pública.
O que é o burnout?
O termo, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma síndrome ocupacional, descreve o estado de exaustão física, emocional e mental causado por estresse crônico no trabalho. É como um colapso sistêmico que afeta a qualidade de vida e provoca sintomas como insônia, dores persistentes e uma desconexão emocional com o trabalho, impactando diretamente a vida pessoal e profissional.
O resultado são prejuízos para o colaborador e a própria corporação, já que há uma queda na produtividade e na qualidade das tarefas. Entre 2019 e 2023, o número de pessoas afastadas por essa condição aumentou 136%, aponta o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A recuperação do burnout é possível, mas exige tempo para restaurar o equilíbrio e mudanças significativas no estilo de vida, como:
1. Estabelecer limites:
Aprender a dizer “não” pode parecer uma ação simples, mas é o melhor começo para a prevenção e o tratamento do burnout. Desligar notificações, delegar tarefas para a equipe e regrar o horário de trabalho ajudam a estimular o equilíbrio.
2. Revisar a cultura corporativa:
Empresas que realmente priorizam os colaboradores integralmente são aquelas que proporcionam treinamentos de gestão emocional, incentivam pausas regulares e oferecem políticas de apoio psicológico.
3. Foco no autocuidado:
Encontrar espaço na agenda para cuidar de si é tão importante quanto uma vídeo-conferência no trabalho. Pequenos hábitos, como exercícios físicos, hobbies e tempo de qualidade com a família são essenciais para aliviar essas tensões.
4. Apoio profissional:
Terapia e acompanhamento médico são indispensáveis nos casos mais graves, onde a recuperação requer um olhar especializado.
O reconhecimento do burnout como um problema de saúde pública é um chamado para repensar a relação da sociedade com o trabalho e com o sucesso. Afinal, ter uma carreira não deve custar a saúde física ou mental. É preciso haver um equilíbrio e, no contexto corporativo, lutar por uma cultura organizacional que priorize este aspecto.
Caroline S. Macarini é psicóloga organizacional, CEO e fundadora da Unolife, plataforma online de bem-estar a valor social
SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]