No menu items!
20.2 C
São Paulo
segunda-feira, 28 abril, 2025

COP30 e o papel estratégico do Brasil na governança climática e alimentar

Por Thomas Law

Em novembro, Belém do Pará sediará a COP30, tornando-se o centro das discussões sobre mudanças climáticas. Além das questões ambientais, o evento será palco de negociações econômicas e geopolíticas, com o Brasil no papel de articulador de um consenso dentro do BRICS e da comunidade internacional.

O governo brasileiro estima que são necessários pelo menos US$ 1,3 trilhão para enfrentar as mudanças climáticas, mas o acordo fechado na COP29, ano passado, em Baku (Azerbaijão), garantiu apenas US$ 300 bilhões. Esse montante é considerado insuficiente, e a COP30 será um momento crucial para pressionar os países desenvolvidos a assumirem compromissos mais concretos.

O Brasil tem vantagens estratégicas que o colocam em posição de liderança nessas negociações. O economista Marcos Troyjo destaca que o país é uma superpotência alimentar e um dos maiores exportadores de sustentabilidade do mundo. Com abundância de recursos hídricos e uma agricultura adaptável, o Brasil está preparado para atender à crescente demanda global por alimentos de forma sustentável.

A geopolítica também favorece o Brasil. A guerra tarifária entre Estados Unidos e China fez com que Pequim restringisse importações agrícolas americanas, consolidando o Brasil como principal fornecedor alternativo. Esse cenário reforça a necessidade de um esforço diplomático para que o país se posicione como referência em agro sustentável e consiga atrair investimentos para a preservação da Amazônia, que será um dos temas centrais da COP30.

O desafio, no entanto, não será apenas econômico. A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, sob a gestão Trump, enfraqueceu os esforços multilaterais, criando um vácuo de liderança. A China, maior produtora mundial de energia renovável, tem assumido um papel decisivo na transição energética e se coloca como uma peça-chave para impulsionar os debates na COP30.

O Brasil, como anfitrião da conferência e presidente do BRICS, terá a responsabilidade de unir interesses diversos e buscar um consenso. O sucesso dessa estratégia dependerá da capacidade do bloco de apresentar uma posição coesa e de pressionar os países desenvolvidos a cumprirem suas obrigações para amenizar as mudanças climáticas. A COP30 será um teste de liderança para o Brasil e um termômetro para o futuro da governança ambiental global. O mundo espera avanços concretos, e o fracasso nas negociações não será apenas uma derrota diplomática, mas um risco real para o planeta.

Thomas Law é advogado, doutor em Direito Comercial pela PUC/SP.


SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]

- Patrocinado -

Últimas

Água da chuva pode estar contaminada por agrotóxico, diz estudo

Pesquisa encontrou resíduos do produto em amostras de três cidades Estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que a água da...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Visão geral de privacidade

Este site usa cookies para que possamos fornecer a melhor experiência de usuário possível. As informações de cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.