Técnicas comportamentais, como chupar gelo e atrasar o primeiro cigarro do dia, podem ajudar quem pretende abandonar o hábito
Em 2024, havia 1,3 bilhão de pessoas que fumavam tabaco no mundo, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Pan American Health Organization). O uso dessa droga mata cerca de 8 milhões de pessoas por ano, sendo em torno de 7 milhões de fumantes ativos e 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo.
Evitar o cigarro e outras drogas do gênero é uma das formas recomendadas pelo Ministério da Saúde de como prevenir o câncer de pulmão. Mas abandonar o hábito nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente por conta das substâncias que provocam dependência e causam vício.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 60% dos usuários de tabaco no mundo desejam parar, mas 70% não têm acesso a serviços que auxiliam nesse propósito devido a lacunas nos sistemas de saúde e limitações de recursos.
Especialistas apontam que para parar de fumar, é possível adotar estratégias como fazer paradas graduais, chupar gelo, manusear objetos e buscar apoio médico para uso de medicações.
Vício por trás do cigarro
O cigarro age de uma forma específica no organismo e, com isso, causa vício e dependência em seus usuários. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), a nicotina, substância química presente no tabaco, quando inalada pela fumaça do cigarro, chega ao cérebro em um curto período de tempo – aproximadamente dez segundos – e alimenta os receptores das células cerebrais.
É nesse momento que são liberados neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer. Por ser uma substância psicoativa, a nicotina produz alterações no Sistema Nervoso Central que modificam o estado emocional e comportamental do fumante e, por isso, causa dependência química.
É a mesma substância que pode causar diversos prejuízos à saúde. Além do câncer, a nicotina também pode desencadear diabetes, hipertensão, AVC, infartos, doenças respiratórias, tuberculose, impotência e infertilidade.
De acordo com o Inca, abandonar o cigarro pode trazer diferentes benefícios para a saúde. Ex-fumantes conseguem ter mais qualidade de vida e menos riscos de desenvolver doenças. No caso das mulheres, os exames que abrangem a ginecologia oncológica também tendem a apresentar melhores resultados quando o vício é abandonado.
Como escolher a melhor estratégia para parar de fumar
Existem diferentes estratégias para parar de fumar. Um deles é a parada imediata, em que o fumante marca uma data e, a partir desse dia, abandona o uso do cigarro.
Outro é a parada gradual, indicada pelo Ministério da Saúde, que consiste em reduzir gradativamente o uso de cigarros diários até chegar à data estipulada para parar de fumar de vez.
Outro método é o atraso na hora do primeiro cigarro do dia. Se a pessoa tem costume de iniciar às 9h, por exemplo, no próximo dia ela só começa às 11h e vai, aos poucos, atrasando e diminuindo o uso.
O Ministério da Saúde afirma que é possível adotar exercícios de relaxamento para não cair nas armadilhas durante o processo. O fumante pode fazer respirações profundas, puxando o ar pelo nariz e mantendo a contagem até seis, deixando o ar sair levemente pela boca após a contagem.
Chupar gelo, escovar os dentes e beber água gelada também são métodos indicados. Segundo o órgão, a vontade de fumar não dura mais do que alguns minutos e, quando o desejo surgir, a dica é remediá-lo adotando uma dessas práticas.
Outra solução para distrair a vontade de fumar é manter a mente ocupada. O Ministério da Saúde recomenda rabiscar em papel, manusear objetos pequenos, conversar com alguém ou comer uma fruta.
Buscar ajuda profissional também é um dos métodos indicados. De acordo com a OMS, a combinação de tratamento farmacológico e técnicas comportamentais pode contribuir para as taxas de sucesso no abandono do cigarro.
Entretanto, o órgão destaca a importância de buscar apoio de uma equipe especializada, a fim de tomar medicamentos somente com receita médica. A OMS também indica a busca por profissionais da área da psicologia, principalmente nos casos em que o vício do tabaco está relacionado a questões emocionais.
SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]