Medidas aprovadas em Paris 2015 não são mais suficientes
A terceira edição do evento USP Pensa Brasil 2024 teve como tema COP 30: Desafios para o Brasil. O evento aconteceu de 12 a 16 de agosto, no espaço Brasiliana. No segundo dia de palestras o debate Mudanças Climáticas chamou a atenção do público. Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física (IF) da USP, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), destacou a urgência de enfrentar o aquecimento global e suas repercussões na sociedade.
O especialista ressaltou que eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul e o agravamento das mudanças climáticas exigem uma discussão abrangente sobre soluções científicas, políticas, sociais e econômicas para o enfrentamento desse problema. Para Artaxo, as mudanças climáticas representam um dos maiores desafios da atualidade e os compromissos do Acordo de Paris têm se mostrado insuficientes para conter o aquecimento global. Ele defende que esse comprometimento deve ser revisado na próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que acontece em novembro, com a necessidade de políticas públicas mais eficazes e ações decisivas por parte dos governos e indústrias.
Conforme o docente, a situação da Amazônia é preocupante, já que se trata de uma região crítica para o equilíbrio climático global. Ele observou que a destruição de 19% da floresta amazônica já está afetando o regime hidrológico e a produtividade agrícola, não apenas na Amazônia, mas também no Brasil Central. Segundo ele, a redução da precipitação e o aumento das temperaturas, exacerbados pela emissão de gases de efeito estufa, podem comprometer seriamente a agricultura na região.
“O Brasil tem que encontrar urgentemente soluções, encaminhar e implementá-las para minorar o desmatamento da Amazônia, além de trabalhar para recuperar as áreas degradadas. Desse modo, a ciência tem que se debruçar sobre como atuar nessa questão da maneira mais eficiente e correta, e isso precisa ser feito o mais rápido possível”, conta.
De acordo com o professor, a situação de outros biomas brasileiros, como o Pantanal e a Caatinga, é parecida com a da Amazônia, visto que também enfrentam desafios devido às mudanças climáticas. O Pantanal, em particular, sofreu secas severas e queimadas que devastaram uma grande parte da vegetação, enquanto a Caatinga enfrenta queda de precipitação e aumento das temperaturas. Artaxo alertou que, se essas tendências continuarem, a manutenção das atividades econômicas e a qualidade de vida nessas regiões poderão ser comprometidas.
Com informações de Jornal da USP
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