Com o aquecimento global, áreas antes consideradas sumidouros de metano podem se tornar fontes dele
O Relatório sobre o Estado Global do Clima, elaborado pela Organização Meteorológica Mundial, alertou sobre níveis alarmantes de aumento da temperatura do planeta.
Uma nova pesquisa realizada pela USP revelou como as comunidades microbianas, responsáveis pelo ciclo do metano – um gás de efeito estufa -, respondem a essas mudanças na Amazônia. Dentre as principais conclusões, o trabalho em laboratório apontou que, com o aumento da temperatura, houve uma redução drástica na capacidade de consumo de metano em florestas de terra firme na Amazônia.
“Estamos vivendo hoje os efeitos das mudanças climáticas e as previsões são alarmantes”, afirma Júlia Brandão Gontijo, engenheira agrônoma, pesquisadora e pós-graduada pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP que liderou o estudo. “O metano é um gás com poder de aquecimento 27 vezes maior que o dióxido de carbono”. De acordo com a cientista, é essencial entender como seus ciclos serão afetados pelas alterações.
Em linhas gerais, a pesquisa buscou investigar como as comunidades microbianas nas várzeas e florestas de terra firme da Amazônia respondem a cenários simulados de mudanças climáticas, com foco na variação de temperatura e no regime de inundações.
De acordo com a pesquisadora, os resultados podem fundamentar a formulação de políticas públicas e motivar esforços de mitigação das mudanças climáticas. “Nossos dados mostram a importância de manter a floresta em pé, já que ela é um sumidouro de metano. Precisamos criar políticas públicas que evitem o desmatamento e freiem as emissões de gases de efeito estufa”, reforça.
Por Denis Pacheco para o Jornal da USP
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