Por Ana Macedo
No Brasil, o tema sobre leitura é debatido com frequência. Seu acesso e o combate ao analfabetismo são, precisamente, vistos como pilares para o melhor desempenho da educação no país. Para além desses pontos, outra base também merece atenção: a escrita. É com ela que o ser humano explora seu teor criativo de forma aprofundada, o que possibilita a abertura de portas no futuro.
Antes de um debate, é preciso compreender que a escrita e a criação andam de mãos dadas. O ato de escrever pode ser realizado com infinitos propósitos: uma mensagem para um amigo, uma lista de afazeres e, até mesmo, a publicação de um livro. Apesar de ser considerado uma forma de libertação ou transcrição de sentimentos, muitos ainda ficam estagnados em “barreiras invisíveis” na hora de colocar as ideias em prática.
A falta do acesso à leitura é um exemplo claro – se não há entendimento total do que está sendo lido, não há margens para que ideias se estruturem no papel. Além disso, outras questões são colocadas em jogo, como a falta de confiança, tempo e recursos. Logo, é preciso que haja uma compreensão de que há uma lacuna entre ter ferramentas para escrever e conseguir utilizá-las.
É inegável que combater o analfabetismo é primordial para que a escrita se torne acessível. No entanto, o olhar deve ser mais aprofundado. O estímulo à criatividade tem que ser constante, acompanhado de capacitação e observação dos recém-escritores. Eles são quem precisam se sentir representados, como parte de um núcleo – uma maneira de alcançar esse objetivo é oferecer trocas com autores consolidados, por exemplo, com relatos de quem usou dos textos para evoluir pessoal e profissionalmente.
A escrita é um modo de construir a própria identidade e dar voz a quem necessita. A democratização exige um projeto contínuo, com a proposta de ser uma ponte para que a criação das mais variadas estruturas se torne uma realidade. Seja no papel, seja nas telas, escrever é um caminho para aquele que ainda não encontrou palavras para sua própria história.

Ana Macedo é assessora editorial e cofundadora da VC.autor, primeira franquia de assessoria editorial do Brasil
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