Por Rosangela Miqueletti
No cenário corporativo atual, empresas que se concentram apenas em números e processos correm o risco de perder algo essencial: o sentido do trabalho.
Um dos pilares dessa construção é a consciência sobre o próprio papel e a compreensão de que o trabalho de cada pessoa tem valor. Reconhecer o impacto do que se faz e como isso contribui para algo maior, é um passo importante para fortalecer o senso de pertencimento e gerar mais significado ao trabalho, para além de uma relação contratual.
Quando o colaborador entende a relevância de sua atuação, cresce a motivação e sua disposição para colaborar, bem como a conexão com os valores da empresa. Vale lembrar que nesse processo, o reconhecimento faz toda a diferença. Valorizar as entregas, os esforços e as histórias de cada colaborador é o que transforma relações de trabalho em vínculos verdadeiros e duradouros.
Essa ideia se conecta a um movimento observado nas novas gerações, mas que já contagia o mercado como um todo: a busca por propósito. Uma pesquisa da consultoria McKinsey revelou que 70% dos profissionais dizem que seu trabalho define seu propósito de vida e que, quando esse propósito está desalinhado com o da empresa, a tendência à desmotivação e ao desligamento é muito maior.
Mas para além de pesquisas e grandes metodologias, há um valor mais simples, muitas vezes desconectado do universo corporativo, e que carrega um poder de transformação imenso: a gentileza. Em ambientes de pressão constante e metas agressivas, essa palavra parece até destoar, mas é exatamente nesses contextos que ela se faz mais necessária. Gentileza não é fragilidade. É respeito. É reconhecer o outro como alguém com emoções, desafios e histórias.. E relações de qualidade são, no fim, o maior ativo de qualquer empresa.
Propósito, reconhecimento e gentileza. Três conceitos que, sozinhos, parecem óbvios, mas que juntos formam a base para ambientes corporativos mais humanos, íntegros e bem-preparados para os desafios do presente e do futuro. Colocar isso em prática exige consciência da liderança, coragem para revisar estruturas engessadas e disposição para cultivar uma cultura de confiança e de escuta.
No fim das contas, o que verdadeiramente transforma o ambiente de trabalho não são as ferramentas, nem os processos, são as pessoas. São elas que carregam o propósito, vivem os valores da empresa e impulsionam os resultados. Afinal, são as pessoas que são a razão e o coração de qualquer negócio.

Rosangela Miqueletti é presidente da Ligga Telecom.
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