Jaqueline de Oliveira explica que o produto utilizado vai ser consumido e não pode alterar cheiro, cor ou sabor
A estrada entre o campo e a mesa do consumidor é longa. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), cerca de 40 mil toneladas de alimentos são desperdiçadas todos os dias em trajetos no Brasil. Em torno de 80% desses alimentos são perecíveis e se perdem mais facilmente nas estradas e armazéns. Entre eles estão frutas, legumes e hortaliças. Para mitigar essas perdas, pesquisadores vêm desenvolvendo tecnologias e soluções para prolongar a vida dos produtos agrícolas. Entre eles, se destacam os revestimentos comestíveis.
“Frutas e hortaliças são alimentos que têm seus processos fisiológicos ativos após a colheita. São organismos ainda vivos. Eles ainda respiram, transpiram, perdem umidade para o ambiente. Ocorre uma série de processos biológicos ali que reduzem a vida útil do alimento”, explica a pesquisadora Jaqueline de Oliveira, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.
Os revestimentos comestíveis são uma alternativa sustentável de proteção que atuam tanto na proteção contra choques mecânicos no alimento quanto na redução da atividade biológica dos perecíveis. “Esses revestimentos são bases feitas de polímeros a partir de ingredientes naturais não tóxicos. Quando a gente fala em algo para revestir uma fruta, por exemplo, a gente tem que pensar que o produto vai ser consumido como parte do alimento, então ele não pode alterar o cheiro, cor ou sabor do alimento”, explica a Jaqueline.
O processo de criação dos recobrimentos é minucioso. A partir dos estudos, se identifica qual composto é eficaz para cada fruta. Os pesquisadores realizam um estudo aprofundado para cada caso com a formulação do composto e uma série de testes.
A pesquisadora explica que a aplicação em escala comercial dos projetos é complexa. “Confesso que é muito desafiador trabalhar com esse tipo de projeto. No meu trabalho com morangos nós estamos trabalhando em como escalonar a produção e aplicação em condições industriais e temos expectativas de começar a adotar essa escala comercial. Mas a aplicação do material na prática é um desafio”, finaliza.
Por Regis Ramos para o Jornal da USP
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