Iniciativas incluem rodas de conversa, suporte emocional, acompanhamento profissional e ações voltadas ao bem-estar de quem cuida
A rotina da aposentada Sandra Regina Mateus Rodrigues, 68 anos, ganhou novos contornos quando ela e sua mãe, Leonor Carpi Mateus, 90, passaram a ser acompanhadas pela Unidade de Referência à Saúde do Idoso (Ursi) Santana Jaçanã, na zona norte. Encaminhadas após a Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (Ampi-AB) realizada na UBS Edu Chaves, mãe e filha receberam não apenas atendimento clínico especializado, mas também acolhimento e cuidado emocional.
“Além de assistirem minha mãe, que tem Alzheimer, passaram a cuidar também de mim. Eu estava muito deprimida porque, quando me aposentei, achei que poderia aproveitar a vida, mas tive que me dedicar sozinha a cuidar dela, e essa passou a ser minha vida”, relata Sandra. Convidada a participar das rodas mensais de cuidadores na Ursi, ela conta que encontrou um espaço de escuta e troca: “Essas rodas de conversa foram fundamentais, pois além de receber dicas das profissionais de saúde, aprendi também com as experiências dos outros participantes. A cada encontro eu saio mais fortalecida porque ouço outras histórias e recebo orientações valiosas para ajudar na minha rotina”.
Tratamento e cuidado: ações complementares na rede municipal
Na Cidade de São Paulo, o tratamento envolve intervenções clínicas como diagnóstico, acompanhamento médico, prescrição de medicamentos, reabilitação e manejo de sintomas — conduzidos por equipes multiprofissionais que atuam em todos os níveis de atenção.
O cuidado, por sua vez, incorpora acolhimento emocional, escuta ativa, orientação contínua e suporte aos cuidadores familiares. Essa dimensão reconhece que o bem-estar de pessoas dependentes está diretamente ligado ao bem-estar de quem assume os cuidados diários. Rodas de conversa, grupos de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), visitas domiciliares e o trabalho integrado entre Atenção Básica, Especializada e Domiciliar compõem essa estratégia.
Os agentes comunitários de saúde (ACSs) também têm papel central, com visitas periódicas e acompanhamento contínuo das famílias, ajudando a identificar vulnerabilidades, prevenir riscos e garantir acesso aos serviços.
Ações de apoio presentes em diversos serviços da rede
A Prefeitura tem ampliado iniciativas voltadas ao acolhimento e fortalecimento de cuidadores em várias unidades da rede municipal:
UBSs: rodas e grupos de apoio
Espaços de escuta e acolhimento emocional, conduzidos por equipes multiprofissionais, onde cuidadores compartilham desafios e constroem redes de apoio.
Programa Acompanhante de Idosos (PAI)
Com equipes multiprofissionais, o PAI realiza visitas domiciliares regulares, elabora planos de cuidados centrados na pessoa idosa e oferece suporte direto à rotina dos cuidadores — contribuindo para reduzir sobrecarga e aumentar a autonomia do idoso.
Atenção domiciliar (Emad) e Programa Acompanhante da Pessoa com Deficiência (APD)
Visitas domiciliares avaliam a saúde do paciente e o bem-estar de quem cuida, orientando, ajustando planos terapêuticos e compartilhando responsabilidades.
Território Inclusivo
Projeto criado em 2021 para ampliar o acolhimento às pessoas com deficiência e seus familiares nas UBSs. Com cerca de 30 mil atendimentos mensais, promove ações educativas e aproxima profissionais, pacientes e cuidadores.
Centros Especializados em Reabilitação (CERs)
Os 35 CERs da cidade oferecem acompanhamento multiprofissional e grupos de apoio para famílias e cuidadores. Só em 2025, cerca de 1.000 atendimentos dedicados a cuidadores já foram realizados.
Uma dessas cuidadoras é Eliana Aparecida de Santos, 45 anos, mãe de Marco Antônio Santos Cavalcanti, 29, atendido no CER São Mateus. Marco, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), apresentou crises intensas após a perda da avó — figura central em sua rotina. No CER, recebeu avaliação neurológica e acompanhamento multiprofissional, que o ajudaram a se estabilizar.
Enquanto o filho está em terapia, Eliana participa de um grupo de pais e cuidadores. Ela descreve o impacto do apoio recebido:
“No grupo a gente pode desabafar abertamente, sem medo de ser julgada, e trocar experiências. Participar me fez sentir mais acolhida, porque é um momento só nosso, para olhar as nossas próprias emoções e isso ajuda muito a lidar com as nossas questões.”
Com o tempo, as trocas fortaleceram vínculos e criaram uma rede de apoio entre os participantes.
Como acessar os serviços
A porta de entrada da rede municipal é a UBS de referência do munícipe, que pode ser localizada pela plataforma Busca Saúde: https://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/
SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]

