Processo rigoroso traz provas técnicas essenciais às investigações contra falsificação no estado e garantem resposta rápida aos casos envolvendo metanol
A tecnologia de ponta empregada pela Polícia Científica de São Paulo tem sido determinante para a precisão na detecção de bebidas adulteradas durante as investigações sobre intoxicações com metanol no estado. Do registro inicial à emissão do laudo final, cada uma das garrafas apreendidas passa por uma sequência rigorosa de análises que começam na verificação de rótulos, selos e lacres, realizada no Núcleo de Documentoscopia, e avançam até os exames químicos no Núcleo de Química, onde são identificados e quantificados os níveis de metanol. Esse processo garante materialidade jurídica às investigações e contribuirá para a responsabilização dos envolvidos na falsificação.
A força-tarefa do Governo de São Paulo conta com a participação da Polícia Civil, Secretaria da Fazenda, Procon-SP e vigilâncias sanitárias estadual e municipal. Ao todo, foram 12 estabelecimentos interditados cautelarmente. As autoridades realizam esse procedimento para colher amostras de bebidas e verificar suspeitas de contaminação por metanol, o que só acontece posteriormente pela Polícia Científica. Até lá, os estabelecimentos podem ser interditados por questões sanitárias, como falta de higiene no local e problemas no armazenamento de alimentos.
As etapas de análise começam com a chegada das amostras ao Instituto de Criminalística, após fiscalização ou apreensão policial. As bebidas são registradas e enviadas ao Núcleo de Documentoscopia, responsável por verificar sinais de adulteração em rótulos, selos e embalagens.
“Um selinho falso já é um indicativo de que pode haver reutilização de garrafa autêntica para inserção de líquido falsificado”, explicou a diretora do núcleo, Nícia Harumi Koga, à Agência SP. Entre os equipamentos utilizados, por exemplo, está o Comparador Espectral de Vídeo, uma máquina que permite verificar alterações em lacres e marcas de impressão.
Em seguida, as garrafas são encaminhadas ao Núcleo de Química, onde ocorre a etapa mais complexa: a análise laboratorial do líquido. O exame detecta a presença de metanol e, se confirmado, quantifica a concentração. “Não basta dizer se há ou não metanol. É preciso identificar quanto existe, e essa quantificação exige mais tempo e técnica”, disse o perito Alexandre Learth, do Centro de Exames, Análises e Pesquisas (CEAP).
Learth explicou que as bebidas falsificadas analisadas recentemente apresentam concentrações de metanol muito maiores do que as encontradas em produtos regulares. O especialista explica que a ingestão de 10 ml da substância pode causar lesões no nervo óptico e, em doses iguais ou superiores a 30 ml, levar a óbito.
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