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quarta-feira, 11 junho, 2025

O cinema está vivo e pronto para uma nova era

Por Marcos Barros

A língua portuguesa é repleta de palavras que carregam conceitos. E duas delas, particularmente, são especiais: resistência e resiliência. Muito parecidas, elas trazem definições distintas. Enquanto “resistência” é sobre suportar os impactos da vida, “resiliência” fala a respeito de se recuperar, se adaptar, fazer o necessário para voltar ao normal após uma grande pressão. E, recentemente, ao ler as declarações do CEO da Netflix, que disse que “o cinema está morto”, essas duas palavras me vieram à mente. Porque é exatamente por causa delas que o mercado exibidor segue, e seguirá, mais vivo do que nunca. 

Para começar a explorar mais esse tema, é preciso ficar claro que a fala do executivo, que sem suspenses já digo: não é verdadeira, tem como justificativa um modelo de consumo que não é novo. ‘Assistir filmes em casa’ é uma prática que já existe desde que as locadoras foram lançadas – assim como, infelizmente, a pirataria – e seguimos firmes. Ao longo da pandemia, fomos um dos primeiros comércios a fechar e um dos últimos a reabrir. E estamos aqui. Isso porque somos resistentes. Sofremos baques, como todos os demais setores da economia, mas temos uma capacidade ímpar de nos manter em pé, porque oferecemos mais do que ‘somente’ filme e o público sabe disso. A pipoca, o passeio no shopping, as poltronas, som de alta potência, a qualidade de imagem, o entretenimento dividido com aquelas pessoas que amamos, tudo isso faz parte do pacote de ir ao cinema.  

Claro que há um crescimento do Streaming, principalmente depois da popularização das smart tvs. Temos muitos conteúdos à mão, na sala de casa. E isso é, sim, algo a se considerar. Mas não é, nem de longe, um sinal de que deixaremos em algum momento de existir. 

Enquanto uma pesquisa de 2024 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) mostrou uma diminuição nos lares com assinatura ativa nas plataformas, o parque exibidor registrou um aumento de faturamento de 15% nos primeiros 4 meses de 2025. E, após tantas adversidades enfrentadas nos últimos anos, isso demonstra não só a nossa resistência, mas também a resiliência que faz parte da rotina de quem vive o setor. 

Prova disso é o relatório “A próxima grande era do cinema”, divulgado pelo Cinema United ao longo da CinemaCon 2025. O documento destacou as principais ações dos exibidores em todo o mundo para investir na comunidade, inovar em questões tecnológicas e fazer com que os complexos sigam entregando muito mais do que “apenas filmes”. 

No relatório, ficou claro que a forma de consumo mudou, como acontece a cada geração. Mas a nossa capacidade de adaptação e a atenção aos desejos dos clientes fazem com que sejamos capazes de transformar a forma como nossos espaços são utilizados, incluindo mais comodidades, opções de entretenimento e fazendo com que o ato de “assistir uma produção audiovisual” se torne diferente, mas sem que a nostalgia das telonas seja perdida. 

Que atire a primeira pedra quem não tem uma grande lembrança, uma memória afetiva, com uma tela gigante como plano de fundo. Mais do que isso, como também cita o documento da Cinema United, os multiplex, muitas vezes, são os pilares de pequenas cidades e a principal opção de acesso à cultura da população. 

Alguns pontos chave, como a regulamentação das janelas de exibição, são sim importantes e devem ter a devida atenção. Hoje, a média para entrada de uma produção no streaming no Brasil é muito curta, cerca de 45 dias. Isso compromete, principalmente, os longas de médio e pequeno porte.  Mas também entendemos a importância das plataformas. Nós também consumimos os conteúdos deles. Só que não há como comparar de forma justa duas atividades tão distintas e, ao mesmo tempo, complementares. 

Os cinemas oferecem uma experiência impossível de ser replicada em casa, enquanto o streaming proporciona mais flexibilidade para que o conteúdo seja apreciado em qualquer lugar. Esse é um ponto já bem estabelecido. Porém, as distribuidoras já testaram, principalmente ao longo da pandemia, o lançamento de grandes títulos diretamente online e o resultado, mesmo com todo mundo em casa, não superou os que são obtidos quando a estreia ocorre primeiro nas telonas. Alimentar uma desavença como se o sucesso de uma modalidade fosse sinônimo de fracasso da outra, não faz sentido.

Marcos Barros é presidente da ABRAPLEX.


SUGESTÕES DE PAUTA: [email protected]

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