Por Dra. Eliana Maekawa Rodrigues
A laringite — ou “crupe” — é uma das causas mais frequentes de tosse metálica e dificuldade respiratória em crianças pequenas. Embora costume assustar pela intensidade dos sintomas, seu tratamento é bem definido e, quando realizado corretamente, leva à evolução favorável na maior parte dos casos.
O quadro típico envolve tosse rouca, chiado ao inspirar (estridor) e desconforto respiratório variável. O pilar do tratamento é o corticóide sistêmico, geralmente dexametasona, que reduz o edema da laringe. Nos casos moderados a graves, pode-se associar adrenalina nebulizada, sempre por via inalatória — nunca intravenosa.
Nas últimas semanas, o país acompanhou com tristeza a morte de um menino de 6 anos em Manaus, após o uso de adrenalina por via inadequada durante o atendimento de um quadro inicialmente descrito como laringite. O caso, ainda em investigação, trouxe à tona a importância de reforçar protocolos e esclarecer a população: não há indicação de adrenalina intramuscular ou intravenosa para laringite viral. Essas vias são reservadas para outras condições, como anafilaxia, e seu uso inadequado pode gerar complicações graves.
Eventos assim, embora raros, reforçam a necessidade de serviços alinhados às melhores evidências, com dupla checagem de prescrições, comunicação clara entre equipes e acolhimento atento às famílias.
Para os pais, sinais de alerta incluem dificuldade importante para respirar, sonolência, lábios arroxeados ou piora rápida — situações que exigem avaliação médica imediata.
Informação salva vidas. E, quando ciência, prudência e sensibilidade caminham juntas, o cuidado infantil se torna mais seguro para todas as famílias.

Dra. Eliana Maekawa Rodrigues é Pediatra e Neonatologista
CRM/SP 150665 – RQE 103962
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