Por Milena Kendrick Fiuza Villani
No cenário educacional contemporâneo, a educação integral emerge como um conceito-chave, essencial para a formação de indivíduos capazes de prosperar em um mundo complexo e em constante mudança. No entanto, é fundamental esclarecer: a educação integral não é uma estratégia para estender o tempo que o aluno passa na escola, é uma profunda transformação da prática pedagógica.
Entendo que a essência da Educação Integral reside na premissa de que o aprendizado deve contemplar o ser humano em todas as dimensões: a cognitiva (o intelecto), a socioemocional (os sentimentos e as relações), a física (o corpo e a saúde), a social (a cidadania) e a cultural (o repertório de mundo).
Formação além do conteúdo
A visão integral transcende a mera difusão clássica de conteúdos. O objetivo é formar pessoas, não apenas detentores de informações. Para isso, o processo de aprendizagem deve garantir o desenvolvimento completo do estudante, considerando tanto as habilidades cognitivas como as socioemocionais.
Quando cito habilidades cognitivas, estou falando sobre como a escola se concentra em estimular o pensamento crítico, a criatividade e a capacidade de resolver problemas complexos. Não se trata de decorar, mas de aprender a aprender.
Já as habilidades socioemocionais são essenciais para a vida, e incluem a autonomia, a empatia, a colaboração e a capacidade de gerenciar emoções. O estudante é incentivado a valorizar sua singularidade e a se relacionar de forma construtiva com o outro.
Essa abordagem humanizada coloca o aluno no centro do processo, preparando-o para se tornar um indivíduo consciente e ativo na sociedade.
Tempo e espaço redefinidos
Para que a formação integral se concretize, é necessária uma nova arquitetura pedagógica que reorganize o tempo e o espaço de aprendizado. É preciso qualidade do tempo, com foco na intencionalidade do que é ensinado. O currículo é flexível, permitindo a inclusão de projetos interdisciplinares, oficinas de arte, práticas esportivas e o desenvolvimento de competências socioemocionais, equilibrando a jornada do aluno.
A expansão do espaço também é muito importante, pois o aprendizado não fica restrito à sala de aula. O entorno — a comunidade, parques, museus e espaços culturais — transforma-se em território educativo, conectando o conhecimento à realidade vivida pelo estudante.
Compromisso com a vida
No fim das contas, a educação integral cumpre um propósito maior: a preparação para a vida. Ao integrar o conhecimento acadêmico com a formação de valores e atitudes, a escola entrega à sociedade jovens que são mais do que futuros profissionais; são cidadãos completos.
Dessa forma, eles estarão preparados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho com inovação, viver em comunidade com respeito e ética, e, acima de tudo, para serem protagonistas das próprias histórias. A educação integral é, sem dúvida, o caminho para uma sociedade mais justa, equitativa e cheia de possibilidades.

Milena Kendrick Fiuza Villani é diretora Pedagógica do Sistema Positivo
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