Auditoria da CGU aponta fragilidade inerente ao perfil do beneficiário
A dificuldade e a limitação de idosos no uso de dispositivos eletrônicos e no acesso a serviços públicos digitais torna esse público vulnerável a golpes e fraudes. A constatação é da Controladoria-Geral da União que fez uma auditoria para entender o “súbito aumento” dos descontos associativos em pensões e aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Os auditores da CGU entrevistaram 1.273 pessoas de todo o país para checar se esses beneficiários tinham autorizado os descontos.
Para surpresa dos auditores, 1.242 (97,6% dos beneficiários do INSS entrevistados) disseram que não autorizaram o desconto, ao contrário do que alegam as entidades investigadas. E 1.221 (95,9%) responderam que não estavam filiados a nenhuma associação.
Os entrevistadores apresentaram a alguns dos beneficiários parte da documentação entregue pelas organizações para justificar as cobranças, incluindo supostas fichas de filiação e autorização para o desconto.
“Houve casos em que os entrevistados não reconheceram a filiação, tampouco as assinaturas”, disse a CGU.
As respostas levaram a CGU a concluir haver uma “grande probabilidade de os descontos estarem ocorrendo de maneira indevida”.
O documento foi concluído em setembro, mas só foi tornado público na quarta-feira (23), após cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU saírem às ruas em 13 estados e no Distrito Federal para cumprir 211 mandados judiciais de busca e apreensão e seis de prisão temporária.
A operação resultou na suspensão de todos os acordos que permitiam às organizações cobrarem as mensalidades e na exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de outros quatro dirigentes do instituto de suas funções.
Ao tratar o que classificou como “a vulnerabilidade dos beneficiários do INSS”, a CGU destaca que, dos 1.273 entrevistados, 922 (72,4% do total) desconheciam a existência do desconto associativo em seu benefício.
“A utilização de ferramentas digitais por uma minoria dos beneficiários do INSS limita a capacidade de o cidadão identificar possíveis descontos realizados sem sua autorização, situação agravada em função das fragilidades de controle relacionadas à inclusão desses descontos na folha de pagamento do INSS”, alerta o relatório.
“Verifica-se que a transformação digital ocorrida no INSS sem o devido aperfeiçoamento dos controles internos elevou os riscos relacionados à realização de descontos associativos indevidos”, aponta o documento.
Com informações de Agência Brasil
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