Defensor Público Federal destaca iniciativas importantes e reforça a necessidade de políticas de longo prazo que garantam autonomia e dignidade às pessoas com TEA
Na quarta-feira, 18 de junho, foi celebrado o Dia Mundial do Orgulho Autista, data criada para promover a dignidade e os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). E um dos principais pólos de expansão dessa luta é a cidade de São Paulo, onde foram inaugurados, este ano, dois centros públicos voltados ao atendimento especializado de indivíduos autistas. O município também promoveu o lançamento de uma plataforma digital voltada à melhoria da acessibilidade e dos direitos das pessoas com deficiência.
Iniciativas como essa precisam ganhar visibilidade e reforçar a necessidade de expandir esse modelo para todo o país. “A criação de centros especializados, como o TEA Paulista e o Centro Municipal de Santana, é um avanço concreto na garantia de direitos e na inclusão desses cidadãos na vida em sociedade. Mas é preciso ir além: precisamos de políticas sustentáveis e intersetoriais que preparem as pessoas com TEA para o futuro, sobretudo quando os pais ou responsáveis não estiverem mais presentes em suas vidas”, afirma o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.
Preparando um futuro com autonomia
Se por um lado São Paulo investe em estrutura pública, em Florianópolis (SC) a Associação Caminhos Para a Vida (ACV) dá exemplo de como a sociedade civil também pode atuar na construção de maior autonomia para pessoas com TEA. A entidade foi criada a partir de um dilema enfrentado por milhares de famílias no Brasil: “O que será dos nossos filhos com deficiência quando não estivermos mais aqui?”
Atualmente, a ACV atende jovens diagnosticados com TEA, deficiência intelectual, paralisia cerebral ou Síndrome de Angelman. A instituição oferece atividades de segunda a sexta-feira, incluindo oficinas de fisioterapia, psicologia, pedagogia e educação física, além de hospedagem nos fins de semana. Cada educando custa cerca de R$ 190 por dia e os familiares colaboram com o que podem. Para complementar os recursos, a associação organiza um brechó e recebe doações de roupas, alimentos, produtos de limpeza e contribuições em dinheiro.
“O cuidado não pode ser interrompido com a ausência dos pais. Precisamos urgentemente de políticas públicas que ofereçam suporte real a essas pessoas e suas famílias, com centros residenciais, projetos de moradia assistida e incentivos para o terceiro setor”, alerta o defensor público.
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