Projeto ensina técnicas de artes marciais para defesa contra situações de agressão, além de conscientização e apoio a mulheres que sofrem ou podem sofrer violência física e psicológica
Professora de Taekwon-do, defesa pessoal, instrutora de Jiu-Jitsu e campeã do campeonato Sul-americano de Taekwon-do em 2015, Maira Fulviana Bandeira, 26 anos, amante de artes marciais, com mais de 8 anos de experiência em metodologias voltadas para o empoderamento físico e psicológico, passou por muita coisa desde a infância. Atualmente, ajuda diversas mulheres, principalmente as que passaram por violências físicas, psicológicas, abuso sexual ou que estão em alguma vulnerabilidade social com seu projeto Defesa Pessoal pras Minas, primeira grande iniciativa de autodefesa em São Paulo voltada para o combate à violência contra a mulher, com mais de 2.000 mulheres, crianças e adolescentes formadas em cursos de diversos formatos para situações específicas de vulnerabilidade.
Antes do projeto criar forma, frequentemente conversava com suas amigas sobre o medo que passavam em seu cotidiano, principalmente durante à noite, já que todas voltavam tarde do trabalho para casa. Como na época já era quase faixa preta em Taekwon-do – arte marcial coreana que significa “O caminho ou arte dos pés e das mãos” – passaram a se reunir para que pudessem aprender sobre técnicas de autodefesa. Com o tempo, mais amigas e conhecidas souberam e se interessaram pelas aulas, a procura foi crescendo a ponto de terem que criar inscrições, virando um projeto social. Posteriormente, com as imprevisibilidades da vida, Maira decidiu se dedicar totalmente profissionalmente ao Defesa Pessoal pras Minas.
“Depois que saí de um emprego, preocupada no que faria dali para frente, parei para pensar ‘O que eu já tenho?’, então comecei a escrever, escrever, escrever… pesquisar, trazer outras mulheres com conhecimentos diversos, e quando eu vi o curso já tinha vida. Entendia também que a maioria das mulheres que passam por situação de violência não tem dinheiro, elas também estão em violência financeira, às vezes eu pagava a condução de algumas para que pudessem vir às aulas”, conta Maira.
Metodologia
As aulas oferecem desde preparação para situações mais comuns de vulnerabilidade e ameaças de violência, exercícios de postura e olhar que são capazes de evitar situações de violência física, até módulos jurídicos e psicológicos para conscientização sobre violência contra a mulher. Como ainda há muito preconceito contra mulheres em artes marciais, é comum que sejam subestimadas, assediadas e não pratiquem os mesmos exercícios que os homens. Pelo fato de também ser mulher, as alunas se sentem mais confortáveis em fazer as aulas.
“Para montar este curso, eu e uma parceira que fez parte dessa jornada, Simone Keiner, começamos um longo estudo, em diversos sites, de diversas línguas, para tentar achar algo relacionado a defesa pessoal para mulheres, e é algo que simplesmente não tem, o pouco que existe é novo, muito recente. O que tem de defesa pessoal em geral não condiz com o que a mulher passa ou pode passar em situações que podem acontecer no cotidiano. Então tivemos que criar algo do zero, completamente novo”, afirma Maira. Uma das principais partes do processo foi analisarem o que havia em comum em várias artes marciais sobre defesa pessoal e filmagens para identificar padrões de comportamento de agressores.
Há também o módulo jurídico, em parceria com as advogadas Rute Alonso e Anna Carolina Cabral, ajudando a criar outras saídas – além da polícia – para proteção das vítimas. Nele, as alunas são conscientizadas a como identificar se estão passando por alguma violência psicológica e como apresentar o fato à lei, como exemplo, nem sempre as vítimas precisam recorrer primeiramente a polícia, e muitas pessoas não sabem disso, nem as próprias delegacias sabem orientar.
O módulo psicológico, com a psicóloga Mariana Luz, também criadora de frentes para enfrentamento à violência contra a mulher em todos os estados, ensina sobre autocuidado, como parar de se culparem, se violentarem, começarem a identificar os ciclos de violência, como se fortalecerem para sair dele e como procederem após saírem.
Além das aulas, empresas, escolas e instituições como MASP, SESC, SENAC e diversas outras – algumas já parceiras do projeto – procuram Maira Bandeira para palestrar. Recentemente, com o auxílio técnico da atriz e professora de teatro Samantha Verrone, realizou um tour no Rio de Janeiro, com apoio da prefeitura de Nova Friburgo, em 10 escolas públicas, realizando um workshop com aulas práticas de defesa pessoal e palestras para dialogar com os jovens sobre violência na adolescência.
União
“Muita gente entrou para ajudar, foi uma união de muitas mulheres, queriam que o projeto continuasse e ajudaram muito desde a época que era um serviço social voluntário. Sempre nos ajudamos muito e sou muito grata as minhas alunas, de coração, porque elas são sensacionais. As mulheres se ajudam de um jeito que é muito bonito de ver, não é só uma relação de professora e aluna”, diz Maira em agradecimento ao carinho e apoio das alunas.
Com base em várias experiências difíceis que passou em sua vida, Maira Bandeira alerta que “Sempre aparecerá um desafio maior que o anterior, é a lei da vida, pois você amadureceu no último e agora tem como lidar com algo mais desafiador. Por mais que eu tenha sido uma vítima, essa palavra não vai e não deve me definir”.
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