As hepatites virais atingem milhares de pessoas anualmente no Brasil e a prevenção por meio da vacinação e da informação sobre como evitá-las são estratégias fundamentais para reduzir a incidência e mortalidade dessas inflamações no fígado. Como algumas variações da doença podem evoluir para cirrose hepática, doença hepática crônica e até câncer, arrisco dizer que podemos salvar vidas se o tema for mais debatido entre a população.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, de 2000 a 2021 foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais no país, sendo o tipo C o mais letal. De 2000 a 2020 foram identificados 62.611 óbitos associados a essa Hepatite, representando um total de 76,2% do total de mortes por hepatites virais.
Essa é uma doença silenciosa e, infelizmente, costuma apresentar sintomas em estágios já avançados. A hepatite C, por exemplo, pode deixar a pele amarelada e causar perda intensa e repentina de peso, abdômen dolorido e inchado com líquido, febre e cansaço.
No Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), em São Paulo, o número de diagnósticos de Hepatite C crônica diminuiu 70% nos últimos cinco anos – o comparativo foi realizado considerando o primeiro semestre dos anos 2019 a 2023. Essa queda é justificada: durante a crise sanitária que enfrentamos nos últimos anos, as pessoas deixaram de ir ao hospital realizar seus exames de rotina, gerando uma subnotificação dos casos. O que seria o cenário mais próximo sobre a quantidade de infectados acabou se perdendo.
A hepatite viral pode ser do tipo A, B, C, D e E, cada uma com suas particularidades e formas de transmissão. As hepatites A e B podem ser prevenidas por meio da vacinação e fazem parte do plano nacional de vacinação. O tipo C, que é o mais letal, ainda não possui vacina, por isso o cuidado para não se contaminar é fundamental. As hepatites B e C tem antivirais específicos e, no caso da B, é possível chegar à cura em alguns casos, enquanto no tipo C a taxa de cura é superior a 90%. A hepatite D não tem antiviral específico e não tem cura, assim como o tipo A. Nossas atuais políticas públicas preveem o tratamento com antivirais, disponibilizados na rede particular e gratuitamente pelo SUS.
*Dr. Marcelo Mostardeiro é infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE)
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