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terça-feira, 26 agosto, 2025

A nova era do risco: como o setor de seguros vem se adaptando ao avanço dos eventos climáticos extremos

Por Eduard Folch

Os eventos climáticos extremos deixaram de ser exceções sazonais para se tornarem ocorrências constantes e cada vez mais intensas. Segundo um relatório publicado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a quantidade de desastres naturais aumentou cinco vezes nos últimos 50 anos em razão das mudanças climáticas e do aperfeiçoamento na maneira com que eles são mensurados e registrados. Somente em 2024, o total de perdas econômicas globais decorrentes de desastres naturais chegou a US$ 368 bilhões, sendo quase 80% delas causadas por eventos de origem meteorológica. Diante desse cenário, o setor segurador tem reforçado sua atuação na identificação de riscos, avaliação precisa e agilidade no atendimento aos segurados.

O mercado de seguros, que historicamente acompanha as transformações da sociedade, tem promovido o aperfeiçoamento contínuo, diante de um cenário climático cada vez mais imprevisível. Se antes o segmento atuava com a análise de eventos passados para prever riscos futuros e estruturar coberturas padronizadas, com o comportamento climático deixando de seguir padrões previsíveis, “olhar pelo retrovisor” já não faz sentido. Acompanhamos hoje empresas que estão acelerando sua transformação rumo à construção de soluções mais dinâmicas e resilientes para proteger a sociedade e, consequentemente, abandonando modelos de precificação generalistas.

A transformação é profunda e envolve, sobretudo, o uso da tecnologia e da inteligência artificial. As seguradoras estão combinando análises de dados históricos a modelos preditivos avançados, enriquecidos por informações externas (como imagens de satélite e consultorias especializadas em meteorologia), para entenderem melhor os padrões climáticos e agirem com mais precisão. Também é feito um mapeamento detalhado das regiões mais vulneráveis a desastres naturais, o que as ajuda a distribuírem melhor os riscos e se protegerem de perdas expressivas. As estratégias de precificação e aceitação de seguros são ajustadas com frequência, levando em conta fenômenos como o El Niño. Além disso, o mercado tem criado soluções sob medida para diferentes perfis de risco e regiões.

Para além de indenizar perdas, o mercado segurador contribui para a resiliência do futuro. A crescente necessidade de proteção é um fenômeno em expansão contínua. A edição 2025 do Relatório Global de Seguros, produzido pela Allianz Research, indica que, nos próximos dez anos, mundialmente o setor deve crescer a uma taxa anual de 5%, ultrapassando o ritmo da produção econômica. Para o Brasil, a alta prevista é de 9%, enquanto a evolução esperada para o PIB nominal é de pouco mais de 5%. Por isso, a adaptação é essencial, seja com seguros bem estruturados ou com medidas preventivas que fortaleçam pessoas e empresas frente às catástrofes naturais. Por outro lado, a conscientização sobre as mudanças climáticas e a importância do seguro transforma percepção em ações concretas. À medida que eventos extremos passam a serem reconhecidos como consequências previsíveis de um planeta em transformação, cresce também o compromisso mútuo com atitudes mais responsáveis e um olhar mais cauteloso se volta ao mercado segurador.

Neste cenário, a COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas –, que será realizada no Brasil em novembro deste ano, representa uma grande oportunidade para posicionar o setor como agente fundamental na busca por soluções relacionadas à sustentabilidade e riscos climáticos. Ao trazer o tema para debate, o evento tende a incentivar a sociedade sobre a importância da proteção financeira, o governo a integrar o seguro em políticas públicas de adaptação e fomentar, no setor privado, práticas de gestão de risco alinhadas à agenda ESG.

Mais do que um ajuste técnico, o que se observa é uma mobilização contínua por parte das seguradoras para ampliar sua capacidade de resposta, com inovação em produtos, precificação mais precisa e uma postura proativa frente à sustentabilidade e à gestão de riscos. E a adaptação é uma questão de sobrevivência econômica, mas também uma oportunidade estratégica para liderar a transição rumo a um modelo de negócios mais sustentável e preparado para o que vem pela frente.

Eduard Folch é presidente da Allianz Seguros.


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