Uma coletânea de artigos publicada na revista científica The Lancet aponta um crescimento expressivo no consumo de alimentos ultraprocessados em diversas regiões do mundo. No Brasil, a participação desses produtos na dieta mais que dobrou nas últimas quatro décadas, saltando de 10% para 23%.
Para especialistas em saúde pública, esses números evidenciam uma mudança mundial no padrão alimentar, com forte substituição de alimentos frescos por produtos industrializados de baixo valor nutricional. O nutricionista e professor do curso de Nutrição da Estácio, Abelardo Lima, reforça que o cenário brasileiro exige atenção urgente.
“O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que ascendeu de 10% para 23% da dieta brasileira nas últimas quatro décadas, representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. Essa tendência se manifesta em um aumento crescente de casos de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão crônica, além de distúrbios do trato digestivo. Tal cenário está intimamente ligado ao consumo elevado de aditivos alimentares, corantes, conservantes, alto teor de sal, açúcares simples adicionados e gorduras saturadas presentes nesses produtos.”, afirma.
Segundo Abelardo, esse padrão alimentar impacta diretamente a saúde da população, devido à combinação de baixa qualidade nutricional e alta densidade calórica. Para enfrentar a situação, ele defende a adoção das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, com foco em alimentos in natura e minimamente processados.
“Essa abordagem, resumida na expressão ‘desembalar menos e descascar mais’, promove o consumo de alimentos com maior valor nutricional, ricos em nutrientes essenciais e com menor densidade calórica, favorecendo uma melhor distribuição de carboidratos, proteínas e gorduras e, consequentemente, um impacto positivo na saúde”, explica.
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