Por Esther Cristina Pereira
A inclusão escolar é uma das maiores conquistas da educação brasileira. Ela afirma que toda criança tem direito de aprender junto com os outros, independentemente de suas diferenças. É um passo civilizatório que humaniza a escola e amplia o olhar sobre o que significa educar. Mas educar também é lidar com limites, e é nesse ponto que a inclusão precisa amadurecer.
O professor brasileiro sempre conviveu com a diversidade: crianças com ritmos diferentes, histórias complexas, deficiências e talentos singulares. Sempre foi assim. O que mudou é a forma como o sistema passou a lidar com essa realidade: trocou o mérito pela culpa, e o desafio pela exaustão.
Incluir não é fazer de conta que todos aprendem da mesma forma. Incluir é reconhecer que há diferenças, e que o papel do professor é ajudar cada estudante a avançar, dentro das possibilidades de cada um.
Quando transformamos o educador em herói infalível, ou em culpado por tudo que não dá certo, deixamos de compreender a essência da inclusão: ela não é um decreto, é um caminho coletivo.
A verdadeira inclusão acontece quando todos — professores, famílias, gestores e governos — compartilham responsabilidades. Quando o foco deixa de ser o “direito de estar na escola” e passa a ser o direito de aprender de verdade. Porque estar incluído sem aprender não é inclusão: é omissão travestida de bondade.
Para que o aprendizado aconteça, é preciso existir um ambiente de aprendizagem saudável, e ele só é possível quando o professor tem condições reais de exercer seu papel.
Não há ambiente saudável quando a sala se transforma em um espaço de tutela permanente, com um ou mais adultos interferindo na condução do trabalho docente. Não há ambiente saudável quando a autoridade do professor é constantemente questionada. Não há ambiente saudável quando o professor é impedido de se envolver afetivamente com seus estudantes
O Instituto Destino Brasil defende uma inclusão que protege quem aprende, mas também quem ensina. Uma inclusão que reconhece o esforço diário dos professores e a complexidade do seu trabalho.
Uma inclusão que não nega os limites humanos — mas os transforma em ponto de partida para a construção de novas possibilidades. Incluir é acreditar no outro sem exigir o impossível. É equilibrar sonho e realidade, sensibilidade e razão, coração e método. E, acima de tudo, é entender que sem professores respeitados, a inclusão deixa de ser ponte e vira muro.

Esther Cristina Pereira é pedagoga, psicopedagoga, professora, diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares e do Instituto Destino Brasil
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