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quinta-feira, 16 outubro, 2025

O elo invisível entre sono e saúde mental

Por Thábita Maganete

Neste mês de setembro, em que o país volta seus olhos para a prevenção do suicídio com a campanha do Setembro Amarelo, é impossível ignorar um dos fatores mais negligenciados na discussão sobre saúde mental: o sono. O que por muito tempo foi tratado como um simples incômodo cotidiano hoje é reconhecido pela ciência como um risco concreto para transtornos graves, como a depressão. Evidências publicadas em revistas de alto impacto, como Nature Communications, Neurology e Health Data Science, indicam que a insônia persistente pode dobrar a probabilidade de desenvolver transtorno depressivo maior, além de estar associada ao aumento de comportamentos suicidas.

O impacto vai muito além da quantidade de horas dormidas. Pesquisas da University College London, na Inglaterra, mostram que a irregularidade nos horários de dormir e acordar também contribui para o agravamento de sintomas depressivos, interferindo diretamente no equilíbrio emocional e na qualidade de vida. Em um mundo de jornadas intensas, excesso de estímulos digitais e pressões sociais constantes, a arquitetura do sono tem sido cada vez mais comprometida, ampliando o círculo vicioso entre privação de sono e adoecimento psíquico.

Ainda assim, persiste a crença de que “dormir mal faz parte da rotina moderna” e que os efeitos seriam facilmente revertidos com alguns dias de descanso. O argumento ignora o acúmulo de evidências científicas sobre a natureza crônica da insônia e seus impactos duradouros na saúde mental. A negligência diante do problema contribui para que milhões de pessoas convivam silenciosamente com sintomas que poderiam ser prevenidos ou tratados de forma eficaz.

Entre as alternativas terapêuticas, a literatura científica destaca a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (CBT-I) como a abordagem mais eficaz. Diferente de soluções paliativas ou dependentes de medicação, a CBT-I atua nas causas comportamentais e cognitivas da insônia, reduzindo não apenas os sintomas do distúrbio, mas também os de depressão associados. Investir em métodos como esse representa não apenas um benefício individual, mas uma estratégia de saúde coletiva, capaz de reduzir custos e desafogar sistemas de saúde sobrecarregados.

Sendo assim, ignorar a relação entre sono e saúde mental significa perpetuar um ciclo de sofrimento e invisibilidade. Reconhecer o sono como peça central na prevenção da depressão e do suicídio é passo essencial para políticas públicas mais eficazes e para uma cultura de cuidado que valorize o bem-estar integral. Neste Setembro Amarelo, quando o mundo se mobiliza para ampliar a conscientização sobre a prevenção do suicídio, é urgente incluir o sono nesse debate. Cuidar do sono é cuidar da vida, e abrir espaço para que milhões de pessoas encontrem caminhos reais de saúde, equilíbrio e esperança.

Thábita Maganete é Psicóloga, Assistente Social, Especialista em Medicina do Sono pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein


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