Por Bruno Paro
Revisitar uma fotografia antiga é como abrir uma porta para o passado. Um instante congelado, uma emoção revivida, um detalhe que a memória havia esquecido. Mas, em tempos de excesso de registros digitais, será que estamos realmente guardando nossas memórias ou apenas acumulando arquivos que nunca mais serão vistos? A facilidade de registrar cada momento mudou nossa relação com as lembranças, permitindo armazenar qualquer evento instantaneamente. No entanto, essa abundância causa dispersão, tornando difícil encontrar imagens especiais em meio a milhares de arquivos espalhados por diferentes dispositivos e plataformas.
O ato de guardar memórias deveria ir além do simples registro. Quando organizamos fotos, selecionamos as mais significativas e damos a elas um espaço de destaque, estamos, de fato, preservando nossa história. Contudo, a dinâmica do mundo digital faz com que acumulemos imagens sem critério, criando um verdadeiro labirinto de arquivos esquecidos. Hoje o Brasil tem 96% da população conectada pelo WhatsApp, reforçando a importância de soluções acessíveis para a organização de memórias digitais.
A solução não está em abandonar o digital, mas em aprender a equilibrá-lo com o físico. Imprimir fotos especiais, montar álbuns ou até mesmo organizar arquivos de maneira consciente são estratégias essenciais para garantir que essas memórias se mantenham vivas. Quem já teve a experiência de folhear um álbum de família sabe que essa é uma sensação incomparável. A conexão emocional que estabelecemos com imagens físicas é diferente da relação impessoal que temos com arquivos na nuvem. Uma foto impressa, guardada em uma caixa ou colada em um álbum, carrega um peso emocional e um significado único. Ela se torna um verdadeiro testemunho da nossa história, algo que podemos compartilhar de forma tangível com as futuras gerações.
A reflexão não é sobre nostalgia ou resistência à tecnologia, mas sobre como preservar nosso passado. O mundo digital oferece diversas ferramentas, mas, para que as memórias permaneçam, é preciso valorizá-las. Olhar para o passado através de fotografias é um privilégio que não deveríamos subestimar. Nossas memórias são parte fundamental de quem somos, e cuidar delas é uma forma de preservar nossa identidade. No fim das contas, não importa quantas fotos tiramos, mas sim quais escolhemos guardar e como escolhemos revivê-las. Afinal, memórias não são apenas arquivos; são pedaços da nossa história que merecem ser lembrados.

Bruno Paro é CEO da Ava
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