Em três décadas, 92% das cidades brasileiras registraram desastres
É difícil esquecer cenas como as das chuvas de 2023 que atingiram o litoral norte de São Paulo ou ainda as enchentes no Rio Grande do Sul. As tragédias climáticas estão cada vez mais frequentes e isso gera impactos na vida cotidiana.
O pesquisador Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o dia a dia das pessoas foi afetado pelo que denominou “desastres climáticos”, no primeiro relatório da série Brasil em Transformação, que analisa como os desastres naturais no país são intensificados pelas mudanças climáticas ocorridas em todo o planeta.
“Tem um dado ali que chama muita atenção, quando a gente olha que 92% dos municípios brasileiros já registraram desastres, já foram afetados de alguma forma e que está aumentando de frequência”, conta Christofoletti.
O estudo cruzou dados do Climate Change Institute, da Universidade do Maine, que evidenciam o aumento gradual da temperatura planetária tanto no ar, quanto no oceano; com os números do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, dos últimos 32 anos (1991 a 2023).
A partir desses dados, os pesquisadores concluíram que para cada aumento em 0,1 grau Celsius (°C) na temperatura média global do ar, houve um aumento de 360 registros de desastres.
Quando o mesmo aumento ocorreu nos oceanos, houve um crescimento de 584 registros. Isso representou um crescimento médio de 100 ocorrências ao ano no Brasil, no período compreendido entre 1991 a 2023.
Os pesquisadores também concluíram que a cada aumento 0,1°C na temperatura média global do ar, houve um prejuízo econômico estimado de R$5,6 bilhões no país.
Para o pesquisador, os impactos econômicos chegam à população duas vezes: uma de forma mais direta, quando os efeitos dos desastres climáticos afetam os bens, a moradia e a forma produtiva das pessoas; e uma segunda vez, quando o poder público precisa redirecionar recursos para as necessidades emergenciais criadas.
Há ainda os impactos sociais que alcançam cada vez mais pessoas, revelou o estudo. Nos últimos quatro anos da pesquisa, período entre 2020 e 2023, quase 78 milhões de pessoas foram afetadas por desastres climáticos, o equivalente a 70% do número de afetados nos dez anos anteriores, entre 2010 e 2019.
Com informações de Agência Brasil
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