Para Daniel Cara, o uso de meios tecnológicos é benéfico para a sociedade, porém, o uso indevido interrompe o percurso natural de diversos fatores, dentre eles o aprendizado
Um estudo realizado pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, concluiu que o excesso de tecnologia leva a prejuízos na comunicação entre crianças e jovens, problemas no sono, atrasos no desenvolvimento cognitivo, entre outros problemas. Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP, desenvolve a ideia da importância do uso de métodos tradicionais de ensino e comenta o impacto da tecnologia no ensino.
“O ser humano tem três estratégias de memorização que foram desenvolvidas ao longo da história, uma delas é a escrita. A escrita é a que gera a maior capacidade de memorização. A audição é muito inferior à leitura. Primeiro a escrita, depois vem a leitura, depois vem a audição, em termos de capacidade de memorização”, disserta. “As telas e a digitação coíbem todas elas. A escrita, para ter de fato uma memorização forte, tem que ser feita à mão. A utilização das tecnologias reduz a capacidade cognitiva das gerações. E pela primeira vez nós estamos verificando uma queda de capacidade cognitiva da atual geração.”
O uso de meios tecnológicos é, sim, benéfico para a sociedade, porém, o uso indevido da tecnologia interrompe o percurso natural de diversos fatores, dentre eles o aprendizado e o desenvolvimento cognitivo. “A tecnologia deveria ser um caminho para aguçar a curiosidade e ela está matando a curiosidade “, ressalta.
Daniel acredita que as tecnologias estão sendo mal utilizadas e estão atrapalhando o próprio desenvolvimento da humanidade e que isso reflete no atraso da solução de problemas emergentes, como a qualidade de vida da população. O professor conclui explicando que a tecnologia tem que ser um suporte, um meio e não o fim de uma produção intelectual.
Por Jornal da USP
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