Anticorpos produzidos pela gestante após a imunização passam para o feto por meio da placenta
A imunização é um cuidado essencial que deve fazer parte do pré-natal de toda gestante. Além de evitar problemas graves de saúde em um momento em que o organismo se encontra mais vulnerável, a mulher que mantém a carteira de vacinação em dia protege seu bebê de doenças, uma vez que passa seus próprios anticorpos para o feto via placenta”. Após o nascimento, o aleitamento materno segue contribuindo para o reforço da imunidade da criança.
“Os recém-nascidos possuem um sistema imunológico imaturo, que está em formação e aprendendo a responder de forma adequada às ‘agressões’ presentes no ambiente exterior ao útero. Por isso, eles são mais suscetíveis às infecções”, explica o pesquisador do Laboratório de Bioquímica do Butantan, Ivo Lebrun. Ainda que os pequenos recebam diversas doses de vacina no início da vida, é só aos seis meses que a imunidade começa a ganhar robustez.
Quando uma mulher grávida recebe uma vacina, seu sistema imunológico entra em ação para combater o “agente invasor” – ainda que o vírus ou bactéria expressado no imunizante não seja capaz de desencadear um quadro infeccioso. Em primeiro lugar, acontece a produção de anticorpos do tipo IgM, que têm ação inespecífica e promovem um primeiro ataque ao microrganismo. Cerca de uma semana depois, os índices de IgM diminuem e entram em ação as imunoglobulinas G (IgG), que carregam uma receita “específica” capaz de neutralizar o antígeno. Esse é o anticorpo que a mãe vai passar para o filho através da placenta.
O anexo embrionário desenvolvido durante a gestação é o ponto de encontro dos sistemas circulatórios materno e fetal – essa troca metabólica permite o desenvolvimento de funções que o feto ainda não é capaz de realizar de maneira independente dentro do útero. Como em uma espécie de “transfusão”, a placenta leva para o bebê – por meio do cordão umbilical – oxigênio, nutrientes e outras substâncias essenciais para o seu desenvolvimento; ao mesmo tempo, também elimina resíduos, como monóxido de carbono, ácido úrico e ureia, que são dispensados na corrente sanguínea da mãe.
Mesmo possuindo um alto peso molecular, os anticorpos do tipo G (IgG) presentes no organismo da gestante são capazes de atravessar a barreira placentária e alcançar a circulação fetal. O transporte acontece por um processo chamado de transcitose: quando uma célula capta, movimenta e secreta uma determinada molécula. Estima-se que o transporte ativo de imunoglobulina G comece a partir da 13ª semana, se estendendo por toda a gestação. Após os seis meses de vida, a criança já começa a produzir o seu próprio IgG.
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