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sábado, 23 novembro, 2024

Fausto Camunha, uma vida de momentos inesperados

Em livro, jornalista conta sua trajetória, o mundo do jornalismo, da comunicação e política

Uma vida dedicada ao jornalismo. Essa seria a melhor definição para Fausto Camunha, jornalista apaixonado pela escrita e os bastidores da reportagem, e que começou sua carreira na Gazeta de Santo Amaro. Esse início de carreira se deu por uma daquelas ocasiões inesperadas da vida que mudam os rumos e nos colocam nos lugares certos.

E assim é a vida do jornalista com mais de 60 anos de profissão, que continua trabalhando para informar a população. O inesperado faz parte da profissão de jornalista, mas Fausto também pode dizer que em vários momentos da vida particular foi pego de surpresa, como no dia em que foi convidado a assumir a direção do Jornal Nacional em uma visita à redação do televisivo. No entanto, nem sempre esses momentos inesperados eram de alegria. Em 21 de setembro de 1997, uma manhã de domingo, uma ligação da polícia pedia para que Fausto fosse à Avenida Vicente Rao. Ao chegar lá, seu único filho, Eduardo, havia sofrido um acidente de carro e morrido no local.

“Esse é aquele momento em que a gente não consegue raciocinar e muito menos tomar alguma providência. E o momento em que a gente fica de mal com Deus”, assim o jornalista descreve sua dor em seu primeiro livro Um Mergulho na História – Relatos sobre mudanças no jornalismo e na política, lançado em 21 de agosto. A obra, que é um relato de toda sua trajetória, Fausto conta toda sua trajetória de vida, o que viu de mudanças no jornalismo, na política e suas passagens por diferentes redações, áreas da comunicação e até os trabalhos em áreas públicas.

O livro é um convite para conhecer a vida de uma importante figura do jornalismo, o modo de fazer comunicação e os acontecimentos da política. Para o lançamento, Fausto concedeu uma entrevista para contar um pouco sobre o processo de produção e adiantar o que o leitor pode encontrar em seu livro. A entrevista na integra você confere abaixo.

Grupo Sul News: Primeiro me conta um pouquinho da sua passagem aqui pela Gazeta de Santo Amaro.

Fausto Camunha: Bom, um fato bastante curioso aconteceu exatamente na minha entrada no jornal. Eu era office boy do Banco Noroeste. Um dia o gerente me mandou buscar uma chopeira na casa dele. Eu fui, vieram duas empregadas carregando uma chopeira enorme, e eu era magrinho, pesava 62 KG. E falei, “olha, se alguém não me ajudar, não consigo levar essa chopeira sozinho”. E ai uma delas falou: “Não, nós não podemos sair daqui, só precisa levar a chopeira”. “Não, eu não vou levar a chopeira. Eu não aguento levar a choupeira”. Não levei e fui demitido. Bom, aí fui para casa, chateado, etc. Estou vendo a Gazeta de Santo Amaro e vejo um anúncio lá. “Você quer ser jornalista?” E eu pensei comigo mesmo: “Quero!”. Fui lá, fui recebido pelo Armando da Silva Prado Netto (antigo dono da Gazeta). Fiz um teste com dez outros pretendentes, passei e assumi a editoria do jornal, que era do então Rolf Kuntz. Fiquei no jornal durante sete anos. Depois disso, eu estava na Rua Direita, em Santo Amaro, tinha uma loja, chamada Camisaria Vargas, e o dono da loja era o Lorival Pacheco, que era o locutor da Rádio Bandeirantes. Então, passamos ali pela Rua Direita, e o Lorival me chamou e falou: “você não quer fazer um teste na Rádio Bandeirantes?”, “Claro que eu quero!”. E aí eu fui pra Rádio Bandeirantes, fiz um teste lá com o Alexandre Cadunte, que era da equipe chamada Titulares da Notícia. Na época era muito famosa e tinha uma belíssima audiência, sabe? E aí eu comecei a trabalhar na Rádio Bandeirantes. Fiquei na Bandeirantes oito anos. Aí recebi um convite para ir para a Rádio Nacional. A redação era a mesma da TV Globo. E um dia faltou um jornalista, redator do Jornal Hoje. Me chamaram. Eu fui lá e substituí. Aí aconteceu mais uma vez e mais uma vez. Até que me chamaram para ficar de vez na televisão. Aí eu fiquei no Jornal Hoje. O Afonso Carlos Pozzi era o editor-chefe. Fiquei lá durante um período e acabei assumindo a chefia da editoria do Jornal Nacional. Um determinado dia, o Paulo Mário Mansur, que era o diretor, falou para mim que eu precisava ir para o Rio de Janeiro com ele. Aí eu fui, e no avião ele falou: “Fausto, eu não disse nada para você, mas você sabe por que você está indo para o Rio comigo?”, eu falei “não, não sei”. Aí ele disse, você vai assumir a editoria do Jornal Nacional, que era, e ainda é, a menina dos olhos da Rede Globo. Eu assumi lá o Jornal Nacional, fiquei três anos, até que um dia eu resolvi sair, era um lugar super cansativo, porque eu continuava no Hoje e fazia Jornal Nacional, então eu entrava às nove da manhã e saía às nove da noite. E eu tinha casado, filho recém-nascido, etc. Estava muito puxado para mim. Aí eu resolvi sair. Fui para a Rádio Jovem Pan, lá fiquei só seis meses. E aí eu fui para a TV Cultura, convidado pelo jornalista Walter Sampaio. Fui para a Cultura como editor-chefe do departamento de jornalismo. Fiquei dois anos na época do Vladimir Herzog. Ele era editor-jornal do Meio-Dia, portanto, na época, era meu funcionário. Me dava muito bem com ele. Quando ele assumiu a diretoria da TV Cultura, ele me perguntou se eu poderia ficar no cargo junto com ele. Eu disse que não. “Eu vim com o Walter Sampaio, por uma questão de ética, e eu vou sair também com o Walter Sampaio”. Saí. Depois disso, voltei para Jovem Pan. Fiquei lá mais um ano e meio, mais ou menos. Depois apareceu uma vaga de assessoria de imprensa na Comgás. “Bom, agora eu vou mudar um pouquinho dos lados do balcão”. Fiquei na Comgás quatro anos. Aí, o José Marinho Marim, que era o vereador aqui em Santo Amaro na época, e depois deputado por duas vezes, ele foi escolhido vice-governador numa chapa.  A eleição era indireta, né? Do Paulo Maluf. Então, o Marim me convidou, eu tinha participado da eleição dele, ele era meu amigo, e eu fui trabalhar com ele no Palácio. Fiquei três anos com ele como vice, depois ele assumiu o governo, eu fiquei mais um ano no governo, como coordenador de imprensa do Palácio. Bom, o Marinho acabou o período dele, se elegeu presidente da Federação Paulista de Futebol, fui com ele para lá, fiquei seis anos. Depois acabou a federação, eu montei uma empresa de comunicação para mim, era na Avenida José Diniz, mas um dia me ligou Arthur Alves Pinto, que era deputado na época, ele tinha sido convidado para ser secretário de esporte e turismo do estado. Ele me ligou se eu queria ser assessor de imprensa dele, da secretaria. Eu falei, “não, Arthur, eu já estou cansado de ser assessor de imprensa, eu não quero mais isso e tal”. “Tá bom, não tem problema nenhum”. Uma semana depois ele ligou de novo. “Secretário adjunto, você aceita?” Ele falou, bom, agora você mudou de conversa. Secretário adjunto, eu aceito. Eu fui pra lá, em seguida o Arthur saiu e eu fiquei no lugar dele como secretário. Fiquei dois anos na Secretaria de Esportes do Estado. Acabou uma data em 1994, eu voltei pra minha empresa. Aí houve meus problemas pessoais comigo, eu conto nos livros a perda de um filho, etc. Mas o Oscar Schmitt era secretário municipal de esporte. E eu estava lá fazendo uma… reunindo três secretarias e eu fazia um projeto chamado Superação, Educação, esporte e bem-estar. E a sede era na Secretaria de Esporte. Aí, quando o Oscar disse que ia sair, precisava ter alguém do antigo PFL. Eu era filha do PFL. Aí, poxa, mas então o Fausto é do PFL. E aí me chamaram, você acho que vai ser secretário. Falei, “pô, de novo?” Eu fui conversar com o Pita, que era o prefeito, ele me convidou, eu disse que não sabia, fazia seis meses que o meu filho tinha falecido, não sabia se eu tinha condições ou não. Ele falou, “não, você tem que vir que isso vai ser bom pra sua cabeça, problemas, você tem que enfrentar problemas, vai esquecer um pouquinho do que aconteceu, não tudo, mas vai esquecer um pouquinho”. O Pita era uma pessoa muito elegante, sabe? E aí eu assumi. Fiquei três anos na Secretaria Municipal de Esportes. Estou bom porque estive no Estado e levei toda a experiência para a Secretaria Municipal. Aí acabou isso no dia 31 de dezembro de 2000. Aí voltei para a minha empresa e continuei tocando a minha vida na minha empresa mesmo, de assessoria de imprensa.

GSN: O senhor fez bastante coisa. Foi assessor, jornalista, esteve na rádio, foi empresário. De todas essas áreas, qual foi a mais desafiadora?

FC: A mais penosa pra mim foi na TV Cultura, porque era um ambiente politicamente muito difícil. Eu fiquei lá dois anos, mas foi muito difícil. Eram 50 jornalistas e eu tinha problemas com a maioria deles. Consegui ser amigo de alguns, mas outros com um ideal completamente diferente do meu, então eu não conseguia muitos amigos lá na televisão. Esse foi o período mais difícil para mim. Mas, no fim, deu tudo certo. No final, eu já tinha feito amizade, mesmo com aqueles que ideologicamente tinham um pensamento diferente. A gente tem que respeitar sempre isso. E eu acabei saindo mesmo porque o diretor saiu e eu resolvi sair com ele. Mas tinha recebido um convite do Herzog para permanecer no cargo, como disse agora há pouco.

GSN: O que você mais gosta da profissão de jornalismo?

FC: Eu gosto de escrever. Eu nunca fui repórter, eu sou redator. Em todas as emissoras que eu passei, sempre redigindo. Também não gosto muito de falar em microfone e muito menos de aparecer na transmissão.

GSN: Mas então, quando o senhor atuou na rádio, não era falando?

FC: Não, não. Sempre dirigindo.

GSN: Como é que é dirigir uma rádio ou dirigir um jornal de TV?

FC: Olha, vamos dar exemplo aqui da Gazeta de Santo Amaro. Quando eu estava aqui, um dia veio o Ricardo Kotscho, que depois se tornou um jornalista muito famoso. E o Ricardo trabalhou comigo, então é muito bom quando você vai formando novos profissionais, né? Vários passaram por aqui. Em todos os lugares que eu ocupei na imprensa, como eu sempre tive cargo de chefia, eu sempre conseguia dar uma mãozinha para os colegas, porque o jornalismo nas grandes empresas é muito difícil você entrar. Você entra quando tem uma indicação, conhece alguém. Ninguém é ninguém sem a ajuda de ninguém, sabe? Precisa ter a ajuda dos outros. Então, eu fico feliz porque tem vários jornalistas aí, empresas grandes, que passaram por mim. Um deles, por exemplo, é o Sérgio Quintella,que é hoje o principal repórter da revista Vejinha. E assim vários outros, muitos. E é o que eu gosto de fazer.

Fausto Camunha durante entrevista

GSN: Então, o senhor ajudou a formar muitos jornalistas.

FC: Ajudei. E isso pra mim é um orgulho, eu gosto muito disso.

GSN: Os jornais estão perdendo a audiência para a internet. Qual é o problema dos jornais perderem essa audiência, perderem esse público? E o que nós, jornalistas, podemos fazer?

FC: Olha, na minha opinião, as pessoas de mais idade continuam preferindo folhear os jornais, revistas, livros, etc. Os jovens estão preferindo muito mais a internet. Então aí é uma briga de foice, porque você não sabe para que lado vai. A internet chegou com muita força, mas os jornais subsistem, assim como as rádios também subsistem. Diziam na época que, com a chegada da televisão, as rádios tinha um fim. Isso não aconteceu e nem vai acontecer. Há espaço para todo mundo, tanto para a imprensa, vamos dizer, falada, como para a imprensa escrita.

GSN: Bom, e agora eu quero saber do seu livro. Em que momento o senhor decidiu que ia escrever um livro e por quê?

FC: Eu escrevi um livro porque aconteceram vários fatos da minha vida, bons e ruins. Eu conto todos eles no livro. E conto desde o meu nascimento, que também foi um problema. E eu conto fatos que aconteceram comigo, fatos curiosos, de bastidor, né? E que a gente não costuma falar, etc. Mas eu resolvi colocar no livro e contar algumas coisas bastante interessantes. Como essa, por exemplo, que eu te falei, do banco, da chopeira que eu fui buscar. Bendita choupeira, porque ela me levou para o jornal. Ela que me deu sorte. Esse gerente que tinha mandado embora, depois virou meu amigo. porque eu fiz a entrevista com ele, foi a minha primeira tarefa aqui na Gazeta Santo Amaro. Depois virou meu amigo. Uma coisa que eu tenho muito orgulho também, e que está aí nos registros dos jornais, a estátua do Borba Gato. Eu fiz a primeira matéria sobre a estátua do Borba Gato ainda no chão da casa do Júlio Guerra, que era o escultor. Ele trabalhando lá na estátua. Não tinha aparecido em lugar nenhum. Ele era uma pessoa muito gentil, maravilhosa, e super educado, um escultor magnífico, né? Tem várias obras dele aí para a cidade, mas a do Borba Gato, a primeira, foi aqui na Gazeta de Santo Amaro.

GSN: Legal, demais saber disso. E como é que foi o processo de escrever o livro, voltar as suas memórias? Quanto tempo o senhor trabalhou nesse livro?

FC: Três anos. É, porque você tem que ir lembrando das coisas, né? E assim mesmo esqueci algumas, mas fui relembrando. Você volta lá atrás e vai lembrando tudo aquilo que aconteceu com você, fatos curiosos, e eu resolvi ir colocando no papel até que saiu o livro. Foi lançado no último dia 21 de agosto no Nacional Clube. Foram muitas pessoas, fiquei muito feliz. Foi uma noite memorável, muito importante para mim.

GSN: Estava com muitos amigos, então, lá na noite?

FC: Eu dei o meu autógrafo para 280 pessoas. Muitas pessoas iam com o pai, com o filho, então o número de pessoas passou de 400. E para mim foi um grande orgulho, uma grande vitória. Porque você, quando vai lançar o livro, você não sabe quantas pessoas vão. Você manda os convites, não é? “Olha, vou lançar o livro, etc. Gostaria da sua presença.” Mas você não tem certeza. A pessoa, às vezes, tem uma dor de barriga, não pode ir, tem algum outro problema. Você não pode contar.

GSN: Você não pode contar com todos os convidados. E o senhor gostou desse lado de escritor de livros?

FC: Gostei e pretendo fazer um segundo livro, que ainda tá na minha cabeça, não pus no papel nada ainda, é muito cedo. Se eu fizer agora o segundo, ninguém vai, né? Vai, apaga essa. Eu vou dar um tempinho.

GSN: E durante esses 63 anos de profissão, o que o senhor viu que te marcou e quais as mudanças ao longo do tempo?

FC: Eu estava presente na mudança da televisão do preto e branco para o colorido, por exemplo. Estava na Rede Globo. Isso foi um fato superimportante. A gente trabalhava, na minha época, com filme. Não era vídeo. E eu peguei também a transformação de filme para vídeo, que é um pouquinho diferente. Você sabe que às vezes o repórter saía para fazer uma matéria, uma equipe, né? Com filme. Chegava na redação e ia revelar o filme, o filme amarelava. Então, perdia a reportagem. E com o vídeo não, né? O repórter faz a matéria, ele mesmo confere se está tudo bem, e aí vai para a redação, sem erro nenhum. Então, foram alguns detalhes. Em todas as mudanças, né, de 1962 para cá, que aconteceram na nossa vida, no mundo, eu assistia a tudo isso.

GSN:  Se perguntou mais uma coisinha? Quais as mudanças que te marcou?

FC: O que me marcou foi justamente essa mudança da televisão do branco e preto para colorido. Porque dava muita mão de obra. Não podia usar camisas xadrez, por exemplo, nem de estrada. porque embaralhava tudo, sabe? Então, o apresentador tinha que ir de camisa lisa, de uma cor só. Então, vários detalhezinhos que, no decorrer do tempo, a gente foi aprendendo e corrigindo. Nasceu na época um comandante chamado Boni, que entende tudo de televisão, né? Então, quando ele falava, era aquilo mesmo. Até cartilha, a gente tinha na época, na Globo, não podia usar determinadas palavras. Por exemplo, vereador. Por que falar edil, em vez de falar vereador? O prefeito tinha também um outro nome. Agora não me lembro. Mas falava as palavras mais simples possíveis para o entendimento de quem está vendo televisão ou quem está ouvindo rádio. Isso é importante. Então tinha uma cartilha de palavras que a gente não podia usar.

GSN: O que o senhor vê de grandes mudanças nas redações?

FC: Muitas mudanças. A equipe, quando eu trabalhei na Globo, por exemplo, a equipe era reduzida, até porque o jornal era feito lá no Rio. São Paulo entrava ao vivo na época. O apresentador, eu trabalhei com três, Lívio Carneiro, o Ferreira Martins e com o Sérgio Roberto, três apresentadores daqui de São Paulo. E três, quatro redatores, tinha equipe também na montagem dos filmes, mas não era muita gente, era uma redação pequena, relativamente pequena.

GSN: No seu livro, o senhor também fala sobre política. Como vê a política hoje em dia?

FC: Hoje, por exemplo, a gente está assistindo, vendo aí a campanha para prefeito e, infelizmente, estamos assistindo uma baixaria nunca antes vista. Inclusive com ameaça de agressão física. Isso não pode acontecer. As pessoas, para serem prefeitos de uma cidade como São Paulo, maior da América Latina, precisa ter, no mínimo, condições para isso. Emotivamente está bem. Porque quando não sabe responder uma pergunta, o candidato agride quem fez a pergunta, sabe? Ou então quem está participando do debate. E não leva a nada isso. O importante num debate desse, de campanha, é o que o candidato pretende fazer se for eleito prefeito de São Paulo. Quais são os projetos dele? É assim que a gente vota. Não, ele vai fazer tal coisa. “Bom, então eu vou votar nele porque eu também sou a favor disso. Ou não vou votar em fulano porque falou uma besteira lá”. Enfim, é pra isso que eles aparecem na TV. Não pra se agredirem mutuamente. Só tem um que não tá partindo pra agressão, exatamente o atual prefeito de São Paulo.

GSN: E o que o senhor anda fazendo atualmente e o que ainda pretende fazer?

FC: Eu fico me reinventando, sabe? Eu estou com 81 anos. Eu tenho uma empresa de comunicação, nessa empresa eu tenho um programa de rádio e tenho também um portal. Um portal só de artigos de personalidades notáveis. O portal está indo bem. Eu já ultrapassei 70 mil visualizações e o projeto agora é chegar a 100 mil. Estou muito feliz com o portal porque são artigos muito bons e artigos atuais. Quando eu vejo que aconteceu alguma coisa, eu ligo para uma das pessoas, “olha, você não quer escrever sobre isso? Acaba de acontecer?”. Então fica um portal de artigos, mas um informativo também, que interessa a todas as pessoas.

GSN: O senhor também escreve artigos para esse portal?

FC: Não, eu não escrevo. Eu convido as pessoas para escreverem.

GSN: E aí, o que pretende fazer ainda? Outro livro?

FC: Não, eu quero tocar o portal, que está indo bem, e também continuar com o programa de rádio que já tem 23 anos, o Gente que Fala. Eu comecei em 2001, assim que saí da Secretaria de Esportes da Prefeitura. Eu criei a empresa e criamos o programa ao mesmo tempo.

GSN: Bom, já que o senhor falou que foi formador de vários jornalistas que estão hoje aí no mercado, eu queria saber um conselho para os novos jornalistas que estão começando ou que pretendem entrar nessa carreira. O que o senhor tem a dizer?

FC: O importante é se limitar ao fato. Você, quando vai para a rua como repórter, você vai atrás de um fato. Então, você vai contar o fato para os leitores, ou para os telespectadores, ou para os ouvintes, sem sair do fato. Na minha época era muito difícil a gente poder dar opinião. Aconteceu uma coisa curiosa comigo. Um dia, redigindo um texto de determinada notícia, eu acabei sendo um pouco opinativo. O Alexandre Cadante, que era o diretor na época, me chamou imediatamente e me disse o seguinte, “Fausto, se você quiser dar opinião, você vai ter que comprar uma rádio. Aqui na Bandeirantes, não”. Agora, hoje mudou um pouquinho, né? Hoje os apresentadores dão sua opinião, etc, o que eu também não acho errado. Só que precisa um pouquinho de experiência para dar opinião, não é? Só tem um pouquinho de vivência, vivência de vida mesmo, para você poder dar a sua opinião e uma opinião totalmente abalizada, né? Olha, eu queria também dizer para você a importância do assessor de imprensa. O assessor de imprensa é aquela figura que tem que facilitar o trabalho do jornalista com o assessorado. Não para atrapalhar, porque tem companheiros que, em vez de facilitar, atrapalham. Então, isso é importante. Eu sempre que exercia a função de assessor de imprensa, eu protegia os jornalistas. Não que eu fosse contra para o que eu estava trabalhando, mas eu facilitava o encontro dos dois, a entrevista dos dois, marcava horário, ligava, dava retorno para jornalista que me ligava, entendeu? E eu acho que isso aqui é o importante.

GSN: Tem alguma coisa que o senhor gostaria de complementar?

FC: Não, só dizer que eu fico muito feliz em retornar à redação da Gazeta de Santo Amaro, depois de tantos anos. Bate uma certa emoção, uma certa saudade, mas o mundo é assim mesmo, as coisas vão passando, os anos vão chegando, a gente vai envelhecendo, mas vai lembrando, graças a Deus, continuo lembrando das coisas boas. As coisas que aconteceram tristes na minha vida, eu procuro… eu lembro, mas eu procuro tratar de uma forma… Por exemplo, meu filho, ele continuou morando no meu coração, então, eu todo dia de manhã, quando saio de casa, eu beijo a fotografia. Ele tinha 24 anos quando foi. Eu beijo a fotografia dele e saio. Eu não saio de casa sem beijar a foto dele. É uma lembrança. É um carinho. Eu conto a história dele no livro.


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