São Paulo era parte fundamental para manter a integridade do país
A Independência do Brasil foi costurada no Rio de Janeiro, a capital do país naquela época. Entretanto, foi aqui, em terras paulistas, que foi declarada. Um pouco menos de glamour do que a história conta, é verdade. Muito mais do que um símbolo da libertação de Portugal, São Paulo e os paulistas estão entre as figuras chaves do processo de independência.
A província de São Paulo já era uma potência econômica naquela época. O Vale do Paraíba despontava como um lugar para fazer riqueza. Todos que lá foram para produzir café, enriqueceram de forma rápida. Uma elite cafeeira nascia e não queria se submeter às leis e ambições de Portugal. Havia um risco de ruptura na unidade nacional e de fragmentação das províncias, assim como aconteceu na América Espanhola. Dom Pedro I precisava manter o país e seu poder, e para isso teria que ter o apoio dos paulistas.
“O marco desta presença de São Paulo está na viagem que Dom Pedro realizou para cá em agosto de 1822, justamente para consolidar esses vínculos, essas ligações e para acertar, vamos dizer assim, o apoio militar, econômico e financeiro para a corte do Rio de Janeiro, quer dizer, enviando os grupos políticos de São Paulo, com tropas e recursos monetários para Dom Pedro manter a corte funcionando. Então, nesse sentido, a posição de São Paulo é muito importante e sem o apoio de São Paulo, dificilmente Dom Pedro teria conseguido manter o seu governo, teria conseguido proclamar a separação de Portugal e dar início à construção de uma monarquia constitucional”, explica a professora sênior do Museu Paulista da USP, Cecília Helena de Salles Oliveira.
A viagem do então príncipe regente atravessou pontos estratégicos da província em busca de apoio. Ouvindo todos aqueles que estavam dispostos a apoiá-lo e tentando evitar uma guerra civil que separaria a província do resto da colônia. No meio da viagem, uma carta da Princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro, é entregue com o pedido de que o príncipe declare o Brasil livre de Portugal. Assim ele o fez.
Essa importante passagem da história do Brasil pode ser melhor conhecida no Museu do Ipiranga, um lugar pensado para lembrar o processo de independência, mas também para contar a história do país e todos os que o construíram. “É um dos museus mais antigos do Brasil e que recebeu nos últimos anos exposições novas que problematizam a nossa trajetória, que incorporam inúmeras vozes e figuras que tinham estado sombreadas por lideranças políticas do século XIX e do século XX e que agora encontram, de alguma maneira, espaço para se manifestarem e estar representadas ali, como as populações indígenas, os afrodescendentes, a história do trabalho, as relações de gênero”, completa a professora.
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